No seu livro “Por dentro da cabeça dos homens”, você fala de diferentes tipos de homens. Quais tipos são esses?
Neste livro falo de vários tipos de homens, já que não se pode dizer que os homens são somente de um jeito. Precisamos utilizar características mais comuns e que conciliem em “maneiras de ser” que vários podem ter.
Digo isso porque nunca se pode afirmar por exemplo, que todos seriam introvertidos já que temos os que gostam de se expor, pelo menos mostrar quem são para serem reconhecidos. Outros são mais discretos, chegando a serem introvertidos ou retraídos, que detestam que se saiba muito deles.
Há os que sentem muito, mas têm grandes dificuldades de demonstrar, principalmente em termos de palavras. Expressam seus sentimentos através do que se dedicam e com seus atos mais explícitos. Alguns desses nunca falariam o que sentem, mas vivem um mundo interior muito rico de sentimentos e que podem ser até bastante amorosos. Há os que não têm nenhum acesso às suas emoções, como se fossem “analfabetos” nessa área. Nunca tiveram a oportunidade de aprender sobre isso e não conseguem “traduzir” os sentimentos dos outros. Precisam aprender muito, se dispuserem a se expor mas precisam de vínculos muito seguros em relação a esse processo. Há os totalmente descrentes de relações afetivas mais profundas e, os que são ao contrário, como aqueles românticos inverterados.
Enfim, há uma gama enorme de homens para conversarmos a respeito e conhecê-los.
Quais são as principais características dos homens e como se diferem das mulheres?
Homens tendem a usar mais raciocínios para entenderem as relações afetivas, mas nem sempre isso se reverte em atitudes pensadas profundamente para saber lidar com as mulheres, que é a minha área de especialidade da psicoterapia e onde se baseia a minha obra literária.
Homens lidam com o emocional usando decisões baseadas em fatos, reais ou criados para suprir suas atitudes. Têm como referência avaliações que fazem do que vêm (ou acham que vêm) e a partir daí agem, tomando como base o que pensam a respeito da relação com elas.
Já as mulheres tendem a se motivar mais a incluir em suas vidas os vínculos afetivos mais profundos, ou ao menos lidar com eles com mais envolvimento emocional, por mais que possam também refletir sobre eles. A área das emoções é seu terreno mais confortável, mas isso não significa que tenham todos os recursos para se darem bem aí. Podem transitar, mas não significa que isso as isenta de sofrerem acidentes neste percurso. De qualquer forma a linguagem, o idioma para se comunicarem aí é mais conhecido e já com certo enriquecimento inerente.
Existe diferenças entre os homens de hoje e os homens de antigamente? Se sim, quais são?
Eles se abriram enormemente para viver esse envolvimento com o amor, deixando de lado somente o aspecto sexual das relações. Foi-se o tempo em que os homens só pensavam em sexo e como se satisfazer nisso. Estão mais atentos e até mais exigentes quanto a qualidade das relações que se apresentam com elas. Antigamente a mulher era um meio e pouco importava com o conteúdo, desde que chegassem a um fim que não fazia parte de completá-los como um todo quanto a sua identidade masculina. Aí falo das metas que tinham na vida e contavam com a mulher para fazer a parte delas, dando apoio a eles para a realização dos próprios caminhos que queriam conquistar. Hoje faz parte da vida do homem incluí-la neste projeto como participante e conta muito com esta parceria. Se esta falha, ou ameaça nesse projeto de vida mais completo, se fecham ou se afastam da relação e podem irem busca de relações que os completam mais.
É possível dizer que homens são mais difíceis de se entender o que as mulheres ou vice-versa?
Acho que sim.
Por mais que se diz que elas são mais confusões e díspares em suas decisões e buscas, os homens tendem a ter raciocínios mais complexos, utilizando muitos elementos que justificam suas atitudes. É como se fizessem mais operações aritméticas para chegarem a um resultado que indica por onde querem ir. Isso não significa que são complicados, mas que utilizam de percursos mais complicados para construírem o seu percurso de satisfação na vida.
Alguns homens afirmam que são mais fáceis de entender do que as mulheres porque não usam metáforas e são diretos sobre o que querem e suas opiniões. Isso é verdade ou varia de homem para homem?
Claro que podem ser assim e o que verbalizam é de uma maneira mais direta (quando verbalizam, é claro). Mas o que está por trás desse raciocínio está baseado em uma diversidade de áreas e suposições que só quem os conhece muito vai entendê-los. É fascinante acompanhar essa construção do masculino, mas nada simples principalmente para as questões de relacionamento.
Mas volto a dizer que há inúmeras variações sobre como eles podem se comunicar verbalmente. O que falo aqui é quando se aprofunda no que eles têm internamente como conteúdo do sentido das coisas que vivem.
O que mais costuma causar confusão no sexo oposto?
A culpa é uma delas. Eles se cobram em ser mais do que conseguem e assim se sobrecarregam. Quando isso acontece podem acusar, fugir, se fechar, agredir, desrespeitar etc. eles se cobram e como o tempo o “tanque fica vazio” e usam caminhos diversos para lidar com a falta de combustível para o relacionamento. Ou podem ser persistentes e reiterantes nessa necessidade de acertarem e darem conta de um relacionamento sem entender o que está ocorrendo realmente nessa relação com a mulher. Falei da culpa mas há vários outros disparadores de confusão que têm a ver com essas exigências e expectativas em relação ao como têm como configuração o homem que “devem ser”.
Algumas afirmações a respeito dos homens são muito comuns. Por exemplo: “Homens só pensam em sexo”, “Homens não são românticos” e “Homens preferem mulheres submissas”. Tem como dizer se são mitos e verdades? Por que muitas pessoas acreditam que são verdade?
Há uma verdade que tem duas faces: eles mudaram muito e eles não mudaram tanto…
Pensam em sexo…depende da fase que estão e do tipo de relação que orna com o projeto de vida específico. Isso vai valer para serem românticos ou não, para a necessidade da submissão das mulheres etc.
Eles ainda precisam de se sentirem superiores em muitas situações, mas por outro lado, os mesmos podem necessitar de uma parceria imprescindivelmente, senão desistem ou desvalorizam a companheira.
E assim vai de acordo com como constroem o seu masculino e percebem o que lhes faz falta e realiza.
As pressuposições e generalizações sobre como o homem “funciona” podem prejudicar os relacionamentos?
Podem sim prejudicar pois assim não há expectativas de se modificarem no que precisam e ficam rígidos, sem aprender mais nada na vida, que é tão rica quando se pode deixar permear por novas experiências.
Existem regras generalizadas que explicam como os homens “funcionam”?
Pela expressão “funcionam” pode-se entender sobre como se comportam, relacionam, sentem, expressam…É isso, cabe bem este termo “funcionam” pois usam engrenagem bem definidas para todos os seus comportamentos, mesmo que sejam relacionados aos tipos de sentimentos que utilizam para transitar na vida. É muito interessante para se conhecer esse método mais definido e articulado do homem.
Tem dicas de como entender melhor os homens? E melhorar o relacionamento?
Saber que são muito mais sensíveis do que mostram e admitem. Todos os recursos que tiverem para se proteger de abusos eles utilizarão, até jurar por tudo que é sagrado que não estão sentindo nada…se não confiarem que vão ser cobrados sobre isso. Não é que precisam de delicadeza por serem frágeis, mas têm um sensor de altíssima precisão para invasões…qualquer movimento é identificado e acionam alarmes altamente eficientes.