Revista Claudia por Adriana Negreiros – julho /2012
Em novo livro, psiquiatra ensina como usar o poder que só as mulheres têm para dominar o mundo, o que significa conquistar a si mesmas..
Quando pensa em uma mulher conquistadora, o que vem à sua cabeça? Uma pesquisa de imagens em site de buscas dá pistas sobre o senso comum formado a esse respeito: a foto de uma magra e peituda de lingerie sexy e olhar matador divide espaço com a de uma executiva de salto agulha pisando no peito de um pobre coitado deitado a seus pés. Esqueça. Em Como Mulheres Poderosas Se Tornam Mulheres Conquistadoras (Academia), o psiquiatra Luiz Cuschnir, pioneiro dos estudos do gênero no Brasil e coordenador de um grupo de pesquisas sobre o tema no Hospital das Clínicas de São Paulo, defende que as vencedoras são aquelas que não precisam corresponder a um padrão de beleza para ser desejadas nem sentem um ímpeto quase sádico de massacrar os homens, com quem deveriam compartilhar amor e amizade. Mulheres conquistadora também não precisam virar presidente da empresa para se sentirem como tais. Afinal, quem define o objeto da conquista é você – e ele pode ser tanto a paz doméstica quanto a paz na Síria.
1- Organize-se e controle a ansiedade
Parece papo de professora de escola, mas é verdade: organizar a agenda é o primeiro passo para conseguir fazer tudo o que precisa. Como encaixar em tão pouco tempo o trabalho, o lanche dos filhos, o motel com o namorado ou marido e a manicure? Se para todas nós os ponteiros do relógio correm na mesma velocidade, por que algumas conseguem dar conta de quase tudo e outras nem chegam perto? As conquistadoras são, por essência, organizadas. Elas planejam o dia e, caso algo saia do controle, têm serenidade suficiente para arranjar os compromissos. “A atrapalhada em geral é ansiosa“, constata Cuschnir. Em segundo lugar, defina o que é importante na sua vida. Passar 50 minutos no bate-papo do Facebook com o primo do ex-vizinho é realmente mais valioso do que sair cedo do trabalho e pegar um cineminha com uma amiga? Concentre sua energia no que importa.
2- Aprenda a delegar e libere-se
Além de organizadas, conquistadoras dominam a arte de delegar uma expertise talvez até mais sofisticada do que a física quântica, uma vez que pouquíssimas pessoas sabem fazer isso. E delegar tem tudo a ver com o tópico anterior. Quando transfere a responsabilidade para outros a colega de trabalho, o marido, a amiga, a babá, você libera espaço no disco rígido da sua vida prática, da sua alma e da sua mente para outros arquivos mais importantes. Exemplo: amanhã é reunião da escola das crianças, mas você gostaria de jantar com uma amiga e rir enquanto entorna algumas taças de vinho. Mas não vai ter nem cabeça para isso pensando em dormir cedo. Peça ao marido para comparecer ao evento. Depois ele conta tudo pra você. “Com muitas funções, a mulher tende a se sentir dividida e se torna vitima eterna de um insuportável sentimento de culpa“, afirma o psiquiatra Cuschnir. E isso não está certo. Repasse a função e vá tomar seu vinho sem se sentir a mais megera das criaturas. Você merece.
3- Acredite: ele não tem medo de você
Toda mulher que se preze já ouviu, e certamente já disse, aquela fatídica frase a respeito dos homens: “Eles têm medo da minha independência“. Acreditar que nossos parceiros nos querem fracas talvez diga mais a respeito da nossa incapacidade de lidar com a rejeição do que com um suposto machismo deles. “Várias vezes já quiseram que eu afirmasse que o homem tem medo da mulher poderosa. Sempre me neguei a fazer isso, simplesmente por que não é verdade. Não é que ele se assuste com a assertividade dela. Ele apenas não quer lidar com esse tipo de mulher bastante especial, que não preenche um requisito importante para ele:a amorosidade“, afirma o psiquiatra. E falando nisso…Está na hora de passar para o próximo item.
4- Seja amorosa e doce, enfim, seja feminina
Dizer que mulheres devem ser “masculinas” – na pior acepção do termo, aquela que se refere à agressividade para se dar bem a carreira e na vida é um papo muito anos 1990. Ou seja, isso já passou, ficou para trás e virou mentira. Hoje para conquistar o que bem quiser um namorado, uma promoção ou a ajuda da irmã para fazer o almoço de domingo, as mulheres podem e devem se valer de suas características essencialmente femininas. A afetuosidade é uma arma poderosa, segundo o médico. “Os problemas surgem quando a mulher se utiliza de valores masculinos para fazer conquistas”, afirma Cuschnir. Ele prossegue: “Mas quando ela aprende a unir o que acredito ser as duas maiores forças que a natureza lhe conferiu, quer dizer, a energia amorosa e a inteligência emocional, e não se perde assim da sua essência e da sua identidade feminina, ela é imbatível“. Portanto, vá à luta. Mas, como diria um antigo guerrilheiro latino-americano, sem perder a ternura jamais.