Quais as principais queixas que levam elas e eles a terapia?

Revista Claudia – Jornalista Liliane Oraggio
Entrevista concedida – 05/03/2014

Homens e mulheres têm disponível drives distintos em relação a vários assuntos: amor, sexo, diálogos, corpo, tempo etc. Como falo no meu livro “Por dentro da cabeça dos homens” (Ed. Planeta). A genética não nos deixa mentir. Mulheres são XX e homens, XY. Uma única letra, e a confusão foi armada.

A vida sexual para elas pode ter um espaço vital como uma declaração de amor a cada relação e para o homem ter um sentido estrito de alívio e relaxamento.
Com o transcorrer de um relacionamento mais longo, vai ficando mais automático para ele e para ela, enfadonho ou balizador do quanto ainda ela o agrada, dependendo da auto estima que tiver.
Ela percebe que o rítmo de procura que ele faz, está relacionado a uma necessidade premente dele e não uma expressão do quanto de amor ele tem por ela. Espera uma corte dele e ele vai direto ao assunto.
Nem sempre o conversar sobre isso vai dar em alguma coisa. Aliás o que pode acontecer é que ele a atende “pro forma”, algumas vezes faz “by the book” para agradá-la mas nem sempre é o que ele está sentindo. O que quer mesmo é resolver a história. Quem terá que manobrar os caminhos, sem falar muito é ela com astúcia e “dengo”. Homem gosta do dengo feminino.
As mulheres reclamam de que muitos homens só pensam em sexo, não têm um pingo de romantismo. A mulher vê um encontro como algo que vai conseguir uma troca de tudo o que ela está sentindo passando por vários aspectos da vida dela. Quer conversar com ele mais longamente e namorar é o seu lema. Quando vai ver ele já está passando a mão e perguntando para onde eles vão. “Não ouvem o que a gente diz”.

Eles preferem os amigos a um jantar a dois pois, têm a oportunidade de troca do seu mundo. No meio de mulheres não tem seus pares e só com ela vai ter que falar do relacionamento ou de contar o que se passa dentro da sua mente e não quer estar se expondo tanto. Com outros homens pode contar e ouvir histórias e aprender com elas. Elas querem um jantar (ou muitos) a dois para os aproximar, intimizar, o que não é o que eles querem.
A mulher que consegue contemporizar isso, não querendo a exclusividade e aproveitando para conhecê-lo (sem usar depois como uma “prova do que está cobrando dele”), pode se satisfazer com o que dá para penetrar nesse mundo cavernoso masculino.
Por mais que as mulheres digam hoje que gostariam de ver os homens expressando mais os sentimentos, na prática, a maioria acaba se incomodando quando encontra um homem completamente assim. Elas querem isso, mas, quando finalmente o encontram, descobrem que não era bem aquilo que queriam. Ou o vê fraco ou lhes provoca um ciúmes do que imaginam haver no seu íntimo. “Ele se emociona nos filmes e quase chora com certas músicas, principalmente as românticas. Deve ser com a ex que ele sente falta”.
A mulher precisa saber que homens que sentem nem sempre estão traindo. Muito menos que emoções constantes é coisa de gay enrustido. Há uma modulação que ele pode fazer, deixando sair um lado mais sensível, ou se apertando no que tem dentro com um macho racional professoral. Mesmo não traindo com outra, não se entrega emocionalmente pela desconfiança de que não vai ser aceito.
O caminho para a mulher é sempre colocá-lo no pedestal masculino e para isso ela tem o seu próprio para estimulá-lo. Ela é que vai ganhar o que tanto quer. A mulher feminina estimula o masculino dele. Ele será “mais homem“ se ela não o cobrar de ser como ela.

Na prática, a mulher ouve menos e fala mais. Com isso, expõe‐se mais, ficando mais sujeita a ser avaliada e, muitas vezes, desacreditada no que diz respeito ao próprio relacionamento. Em contrapartida, o “falatório” também serve de reflexão, permitindo‐lhe elaborar conjecturas que levam a um discurso bem mais completo e ampliado.
O homem, por outro lado, leva vantagem ao falar menos e, logo, expor‐se menos. Com essa habilidade, ele se acostuma a guardar o que sente, colocar tudo em “caixinhas”, se desviar do que incomoda e se envolver em outros assuntos, que vão desde o trabalho – passando pelas notícias – até os carros e o futebol. Quando ele volta desse mundo, não está com a bateria carregada e tem menos interesse em conversar sobre tudo o que aconteceu entre os dois.
Portanto o que dá para dizer como caminho que pode ajudá-la é ser concisa. Usa o menor número de palavras possível, sem rodeios, muito menos joguinhos. Evitar introduções longuíssimas e não tentar explicar, explicar, explicar. Isso é uma conversa, não uma tese de mestrado. Deixar esse papel de professor para o homem o fortalece e isso abre as defesas dele para aceitar mudar. Muitas vezes a rigidez masculina vem da insegurança de “perder se mudar”. E homem não aguenta perder.
Os assuntos mais comumente masculinos os caracteriza. Mesmo desnecessário, há sentido em falar de futebol horas a fio, pensar em consertar ou comprar um carro pelo menos uma vez ao dia, ser compulsivo em atividades físicas, ficar meditando sobre as contas ou a posição que ocupa no trabalho. É o mundo deles…
Se a mulher quiser entender o que se passa na cabeça deles e, principalmente, quiser viver e conviver com eles, tem que deixar que eles sejam o que realmente são: homens.

 

 

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