A ideia é mostrar para a leitora como dá para contornar ou tentar evitar o divórcio quando ela se depara com as seguintes situações:
Situações inúmeras podem ocorrer mas levantando alguns desses pontos, tentarei explicar um pouco mais o que pode provocar gatilhos que indicam o caminho destrutivo de um relacionamento que supostamente teria o interesse de ambos que perdurasse.
Mostro também o que pode estar por detrás daquilo que é tão aparente e objetivo, que poderia tomar um rumo menos comprometedor se pudesse ser visto mais amplamente ou profundamente.
Tudo pode ser discutido de uma maneira mais ampla e justificado por outras tantas razões que aqui não aponto pois há situações individuais que modificam totalmente o contexto.
Mas como um novo olhar sempre dá uma chance de se rever o que ocorre, mostro alguns desses pontos que poderiam ajudar as pessoas a não deixarem estragar tanto seus relacionamentos.
O casal tem o humor muito diferente
Sim, diferenças podem criar grandes barreiras, principalmente entre pessoas que não têm o mesmo intuito de aprenderem e receberem o que o outro tem para oferecer. Assim como uma pessoa muito séria, compenetrada, lidando com a vida de uma maneira sempre muito responsável e objetiva, pode se incomodar muito ou ser incomodada por uma outra mais divertida, irônica e animada. Digo incomodar ou ser incomodada por terem ambas possibilidade de ajudar a outra a encontrar caminhos que podem desenvolvê-la melhor, tendo menos consequências desastrosas ou deficitárias do ponto de vista de desenvolvimento pessoal. Tanto uma como a outra perdem chances, não tem jeito. Uma não é melhor que outro, pelo menos a priori, dentro de limites do equilíbrio de comportamento. Pedir claramente o respeito pelo diferente que é, mostrando que não quer modificá-lo mas também não quer se sentir tolhido ou ridicularizado, pode ser um bom caminho.
Rolou uma traição
Pára e pensa…e muito…
Nem sempre expô-la como uma detetive ou até um promotor público que tem o fito de executar o outro, pode ser o melhor caminho para manter um casamento. Muitos não agüentam a verdade, outros não toleram errar e outros não aceitam que o outro tem deslizes (ou erros cruciais pelo seu ponto de vista) e entrar em contato com notícias assim, criam abismos intransponíveis depois.
Pessoas que tiveram tempo para perceber como o outro lidava com a traição, esperaram o melhor momento para discutirem o assunto, expuseram-no com um proposta mesmo não tão aparente que não daria para continuar dessa maneira a três (ou há muitos), com tolerância para investir na recuperação de um vínculo desgastado, puderam vê-lo mais adiante muito mais verdadeiro do que o conto-de-fadas que era proposto mas completamente impossível, pelo menos para os dois e não só para um deles. as necessidades individuais, os traumas anteriores, inseguranças e falta de experiências suficientes para confirmar o masculino ou feminino de um ou dos dois, criam condições para essa traição.
A traição ocorreu por ter espaço para isso e também pela necessidade muito mais profunda do que se pode entender ou prometer para o outro. O mundo interno, o psicológico alberga longas e intricadas histórias mas que socialmente, nos relacionamentos, elas não tem esse espaço para transitarem entre os dois.
Eles têm problemas de comunicação ou brigam demais Quando têm problemas, precisam encontrar canais adequados para enfrenta-los. Há alguns que exigem de ajuda dos outros (família, amigos ou terapeuta). Outros precisam ser vistos com muita diplomacia, muito cuidado, para chegar onde se quer abrindo portas. muitas pessoas vão logo detonando, agredindo, desvalorizando. Como se estivessem invadindo, literalmente chutando a porta para entrar. Outras são tão mansas, tão inaudíveis, que o outro não tem nem idéia do que está causando, criando um ritmo e um “modus vivendi” do casal que quando vai se enfrentar, já está tudo contaminado, com muita dificuldade de modificação. Agora quando chegamos a essa constatação de que brigam demais, as chances de terem se agredido, pelo menos verbalmente é grande. Essas agressões não serão esquecidas, pelo menos muitas delas. Para reconstruir uma zona de respeito é preciso muito mais que um pacto de não brigar pois o que ocorreu voltará para ser evidenciado como “prova do crime” do outro. Em geral brigas demais levam a acusações e dedo em riste aponta defeitos graves, que só estimulam defesas que podem esconder ataques futuros.
Divergem na educação dos filhos
É mais comum do que se gostaria, e se não aparece no começo da parentalidade, vai ocorrer mais tarde, quando os conflitos do casal ou da criança expõe as divergências educacionais entre eles. Digo que é o mais comum e até normal porque esses pais não tiveram as mesmas experiências de vida, não têm necessariamente os mesmos valores culturais e sociais, e mais do que tudo, têm experiências diferentes quando a sua visão de gênero, sendo homem ou mulher. Por mais que coincidam nos direitos que acreditam que cada gênero tenha, terão que enfrentar as características que cada um gostaria de educar um filho ou uma filha, a partir de como foram educados como tal. É muito comum que sobre pelo caminho o que “meu pai” ou “minha mãe fez comigo”, quando não acrescem outros familiares como os irmãos como objeto de manchas que precisarão ser elaboradas nessas ocasiões da paternidade ou maternidade.
O amor acabou
Se o que acabou impede de continuarem juntos, quanto mais puderem ter criar condições para se protegerem do outro sentir-se magoado ou agredido, melhor será o desenlace disso. Se conseguem manter um vínculo sem o que esperavam que fosse imutável e pode ser mantido para continuarem o projeto de vida pessoal, do casal ou da família como um todo, a vida está aí para confirmar que pessoas ficam casadas mesmo sem esse amor romântico mas pelo projeto que querem usufruir. Se souberem construir isso, estaremos perante pessoas com condições emocionais que abdicam de outras para escolherem esse caminho. A outra situação é quando a partir dessa constatação, fazem pactos de reconstrução da relação e descobrem novos caminhos e intercessões ricas para fertilizar algo novo entre eles. Em geral, cada um se estabelece numa relação e mostra um certo script. Quando ele vicia, estereotipa, deixa de oferecer outros aspectos que a pessoa pode ter e que não estarão lá sendo veiculados. Se ambos permitirem entrar esses novos códigos, poderão descobrir uma outra composição que sirva para os dois. Falo muito disso no meu livro mais recente “Anda Vale a Pena – Cultivar para desenvolver os vínculos de amor” ) – Ed. Academia/Planeta.
Falta de comprometimento de uma das partes
Nem sempre os dois “casaram do mesmo jeito”. O que para um é compromisso para o outro pode ser um aprisionamento. Assim como nem sempre o que o outro vê como compromisso, e isso inclui olhar, escutar, examinar, sentir, descrever, é o mesmo que para o outro, que pode sentir muito mais do que mostrar. As pessoas têm muita dificuldade de valorizar por não perceber que o compromisso do outro está muito menos explícito do que gostaria que fosse. A partir daí, a desvalorização do outro corre solta, e o risco de afastamento será grande. Com isso, realmente podem deixar de lado já que não se sentem valorizados pelo outro.
Casaram muito cedo
Esse “cedo”, mesmo que sem uma idade padrão disso, quer dizer antes de percorrerem uma quantidade do caminho que precisariam para vivenciar o que precisariam para dizer que a escolha foi feita a partir das experiências que já teve. Para que serviria isso? Para poder comparar e também verificar mais sobre o que o mundo pode oferecer. É suficiente? Não, nunca será o suficiente, claro. Mas quando uma pessoa tem muito poucas experiências, e principalmente até uma certa idade sem maturidade, ela tende a evitar aspectos que poderiam ser úteis para o seu asseguramento como homem ou mulher. Isso também pode deixar mágoas e cicatrizes profundas, que podem distorcer o que existe no mundo, claro. Mas de qualquer forma, a experiência de outros relacionamentos sempre ensina algo mais, que será usado com certeza para o futuro. O melhor sempre será que seja bem usado, que possa ajudar a construir um melhor. Longe de ser algo que só piore o próximo, quando ocorre com pessoas que não aprendem nada, só repetem e pioram o que tiveram antes.
Casaram pelo motivo errado
Sabe que é bem comum isso, casar pelo motivo errado. Muitas pessoas esperam do casamento a resolução do “irresolvível” na vida dela, do ponto de vista emocional. Decepcionam-se pelo fato do outro não se encaixar no que ela tanto queriam, achando que depois se acerta tudo, ou que valores mais concretos e objetivos serão o suficiente para esqueceram o que é muito importante para elas. Descobrir como será possível erguer essa relação com os possíveis alicerces dela, pode trazer muitos benefícios para contrapor o que que não encontram nesse casamento. Também falo disso nesse livro “Ainda Vale a Pena”.
Têm objetivos de vida diferentes
Se não aparece no começo, mais adiante tende a aparecer. A cada fase da vida, as oportunidades são diferentes. Além disso, a conscientização de que há mais do que imaginava para se realizar, tende a criar esse espaço diferencial entre ambos. Quando cada um vai para um lado e esquece que o outro está na mesma viagem, só que com outras expectativas e outra bagagem, um pode perder o outro no caminho. A revisão, o companheirismo, a participação e o respeito pela necessidade do outro são vitais para conseguirem aproveitar essas diferentes experiências sem anulação do outro e do casamento.