Saúde e depressão a partir dos 40

Entrevista ao jornal A Tribuna de Santos (MAURÍCIO MARTINS)

 

A Tribuna – Quando falamos em depressão, o que há de novidade em pesquisas sobre a doença e quais as diferenças de sintomas em homens e mulheres? O que há de mais novo em tratamento?

Hoje falar de depressão é muito diferente do que já foi em décadas passadas. O preconceito a diagnósticos e doenças psíquicas é muito menor e com isso, o acesso a tratamento fica mais fácil. A ampliação dos métodos diagnósticos e do conhecimento médico sobre ela, facilitaram muito o entendimento e a aceitação da sociedade como um todo sobre os sintomas de uma depressão.

Antes era vista como uma doenças dos fracos, e com a associação dela à mulher, só criava condições para que os pacientes fossem tratados de formas menos abrangentes. Associá-la ao feminino e identifica-la com fraqueza, estigmatizava a mulher e abandonava o homem no seu sofrimento.

Hoje os sinais de depressão camuflada, pouco evidente, disfarçada, já são considerados e os benefícios são grandes.

Chefio um serviço no Instituto de Psiquiatria de atendimento psicoterapêutico às questões que assolam a realidade do Novo Homem e da Nova Mulher, que com as mudanças constantes de paradigmas, instabilizam as relações. Não é incomum que venham para as terapias e apresentem sintomas claros de depressão. É importante que se cuidem para uma confirmação da identidade de homem ou de mulher, assim vivendo com parâmetros que possam ajuda-los em momentos difíceis na vida que levam.

Na minha área, tanto como psicoterapeuta como especialista nas questões do gênero masculino e feminino, incluindo o relacionamento entre eles, pode-se observar como estão imbricados os conflitos de relacionamento com o desencadeamento de quadros depressivos.

Não há como negar que a estrutura psicológica de cada um irá interferir em como vão lidar com a depressão. Os recursos que cada um pode ter para levar a vida e até o tratamento de uma depressão, precisam ser acompanhados por psicoterapias, por processos de auto conhecimento e desenvolvimento de instrumentos emocionais para terem uma vida melhor.

As medicações podem ser imprescindíveis mas não modificam ninguém, só aliviam os sintomas. Só um trabalho mais profundo psicológico dará condições para uma reorganização e fortalecimento dos recursos para estruturarem uma vida melhor.

 

A Tribuna – Podemos afirmar que sentimentos de tristeza, raiva, ódio e mágoa trazem efeitos para o corpo? Existe comprovação de que esse sentimentos possam ter ligação com o desenvolvimento de câncer, por exemplo?

Mais especialmente os rompimentos conjugais e relacionamentos longos abusivos propiciam quadros depressivos que não raramente levam até a doenças físicas irreversíveis.

Falo disso e de outros aspectos também no meu livro mais recente “Ainda Vale a Pena – Cultivar para manter os vínculos de amor” (editora Academia).

Não há como comprovar cientificamente a incidência do câncer mas sabe-se que as condições psíquicas favoráveis ajudarão ao paciente na cura dele. Todos os sentimentos que envolvem um desequilíbrio emocional poderão propiciar quaisquer doenças, e às vezes até esconderemos conflitos que não estão aparentes.

 

A Tribuna – Com relação ao sono, como ela impacta no organismo de homens e mulheres? As necessidades são diferentes? A insônia pode estar associada à doenças psiquiátricas?

A insônia pode ser considerada um indício de desequilíbrio psíquico. Há fatores físicos que podem propiciá-la mas ele também pode indicar uma quadro psiquiátrico que se inicia ou ser associado a algum já existente.

O que se sabe é que a insônia, que indica a privação de sono, é um sinal que deve ser tratado pois pode desencadear doenças físicas e psíquicas importantes. Ela acarreta uma série de distúrbios psíquicos que podem interferir muito na qualidade de vida e produtividade das pessoas.

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