Mariana Timóteo da Costa – O Globo – 29/05/2012
Distúrbio hormonal que atinge entre 3% e 8% das mulheres em idade reprodutiva põem saúde mental em risco.
A cultura pop de Rita Lee aos Raimundos; de Pedro Almodóvar e Woody Allen às “mulheres desesperadas” da TV já lida há muito com as alterações de comportamento típicos do sexo feminino. O trabalho da ciência para explicar de quem é a culpa de transtornos como a temida TPM (tensão pré-menstrual) não tem fim. Sabe-se que a quantidade e as variações, ao longo do mês, dos hormônios que circulam pelo corpo da mulher e agem no cérebro desempenham um papel importante no processo. Estresse e vida agitada também. Mas se a TPM que atinge duas em cada três mulheres muitas vezes consegue ser domada, um distúrbio detectado recentemente exige mais cuidados e põe em risco, segundo especialistas, a saúde mental da mulher e de quem convive com ela. Trata-se do Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), uma super TPM que afeta entre 3% a 8% das mulheres em fase reprodutiva e pode progredir para quadros mais graves de depressão, uma gravidade e/ou uma menopausa mais complicadas e tristes.
A TPM já é bastante desconfortável e pode causar muitos problemas para a mulher e para o casal. O ideal é sempre buscar tratá-la. Mas com a TDPM não tem jeito sintomas como tristeza, irritabilidade, inchaço e desconforto aparecem de forma muito mais forte.
Os terapeutas paulistanos Mara Pusch e Luiz Cuschnir acham que fatores ambientais podem contribuir “em pelo menos 50% para um quadro de tensão relacionada à atividade hormonal.”
“Há pessoas que se convencem de que o outro é alguém que querem ver, mais que na realidade não é. Mais cedo ou mais tarde, cai o ideal e aparece o real. Vão se decepcionar, com certeza”, diz Cuschnir.
Se entender e viver em harmonia com o parceiro é sinônimo de qualidade de vida, o casal deve parar de idealizar o amor e conversar. Acho que casos de TPM, ou Super TPM, merecem ser tratados em dupla, são uma boa oportunidade de o casal ir ao terapeuta – diz Cuschnir.
A atriz Letícia Isnard, a Ivana da novela “Avenida Brasil”, diz que tomaria remédios para ficar menos triste e fragilizada durante sua TPM, que apesar de intensa não é super.
Homem também sofre com a nossa TPM. Diálogo e informação são fundamentais.
Como o homem deve lidar com a TPM?
“TPM é problema do homem também, porque acessos de fúria de uma mulher podem estragar ou até destruir uma relação. Quando ela o agride, ela abre uma conta. Então, é bom ele participar do problema ir com ela ao médico, estimulá-la a fazer terapia, ou fazer ele também. É uma boa praticar exercícios físicos. Tensões melhoram quando uma relação está harmonizada.”
Luiz Cuschnir – psiquiatra e psicoterapeuta