Guia da Semana – Leonardo Filomeno – maio/2011
Emocional
Guia da Semana: Quais as principais dificuldades que um homem que acabou um relacionamento passa?
Luiz Cuschnir: As dificuldades são correspondentes ao nível de envolvimento e principalmente ao tempo de duração de um relacionamento, especialmente se for algo mais estruturado como um casamento ou estar morando com alguém etc. Divide hoje, com o desemprego, os motivos principais para a depressão masculina. Para o homem, pesa muito o desmanchar a família e perder o convívio constante com os filhos. Também o final do casamento é o fim do papel de provedor, fim de algo que ele havia sido “treinado” socialmente a fazer e para alguns é o fim da vida social porque era a esposa que a organizava.
Por outro lado, isso acontece naqueles homens que não elaboraram o término da relação. Para aqueles que haviam chegado à conclusão de que o relacionamento era prejudicial ou inviável antes de terminar, o chamado “luto” dura menos tempo. Mais ainda se ele já está com outro relacionamento em andamento, fica mais fácil.
Não existe regra. Se um homem demora mais para se recuperar, mostra que ele estava envolvido de uma maneira que romper é algo que não está aceito dentro dele e não estava de acordo com o que queria. Ele não tem os recursos disponíveis para se reestruturar, dentro dele ou exteriormente. É mais difícil para um homem ter com quem compartilhar na medida suficiente da sua angústia. Esse homem acaba se recuperando com mais dificuldade de um amor que se encerrou. As mulheres têm mais companhia e podem falar mais abertamente sobre o assunto, o que acaba facilitando para elas.
Guia da Semana: Como organizar o seu tempo e não sentir falta do relacionamento?
Luiz Cuschnir: Quando a relação acaba, tem-se a impressão de que o futuro foi embora com ela, já que é o fim dos planos e dos sonhos, por assim dizer. Existe um período de adaptação, o luto, que é necessário para que se possa entender o que se perdeu, saber o que realmente lhe faz falta e o que se pode aprender com esse relacionamento que se foi. Não sentir a falta do relacionamento, então, é uma forma de mascarar essa dor. Se não sente falta nenhuma, então parece que a relação não tinha tanta importância. A organização do tempo deve ser de acordo com as atividades que possam preencher tempo, cronológico, principalmente o que era dedicado à relação. Por exemplo, o programa de domingo à noite, muitas vezes difícil de passara sozinho poderia ser indo a um cinema ou convidando um amigo, visitando alguém próximo com quem possa conversar e não sentir-se tão sozinho.
Guia da Semana: O que fazer quando a fraqueza bater (ligar, ter contato com a família)?
Luiz Cuschnir: Se a pessoa ficar direcionando seus esforços e emoções apenas para a pessoa que já se foi, então ela está desperdiçando a oportunidade de começar um novo relacionamento. Assim como foi possível encontrar esse amor que agora acabou, haverá outros no seu caminho. Fazendo uma opção pela vida, ela te levará a novas possibilidades de encontro. Essa fraqueza precisa ser nutrida com bons alimentos. Se eles forem intelectuais, buscar as atividades que compõe o universo dele (cinema, teatro, cursos, exposições). Se for mais na área relacional serão os contatos de amigos antigos. Se forem as atividades físicas, deve buscar que tenha em horários que mais sente esta falta pois terá uma boa recompensa por aí. O contato com a família, se forem os próprios filhos, deve ser sempre mantido na maior intensidade possível. Se for a família da ex, não deve se exceder para não invadir o terreno que é dela.
Existem muitos homens que acabam contando cada passo que dão na sua vida de recém-separado para a ex. Isso pode gerar problemas no futuro e da a oportunidade dela controlar sua vida. Mantenha um contato educado. Só isso.
É comum recebermos para o Gender Group® do Instituo de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, homens e mulheres que estão como que dilacerados emocionalmente por um relacionamento ter terminado inesperadamente. Outros vêem quando não conseguem encerrar algo que tem todos os sinais de um vínculo patológico. Ter a oportunidade de discutir isso em grupos só de homens ou só de mulheres, ajuda muito a se organizar e se fortalecer em momentos de fraqueza. Como esse grupo dura um pouco mais de dois meses, é um bom tempo para estar acompanhado.
Guia da Semana: Como fazer no caso dos filhos?
Luiz Cuschnir: A priori deve-se continuar a ter contato com os filhos, negociando, judicialmente ou não, os termos dessa convivência. O ideal é o casal não tentar dividir seus filhos em times opostos (quem está do lado do papai, quem está apoiando a mamãe). Filhos, não importam a idade, tem que entender que, em alguns casos, o amor pode acabar ou um relacionamento pode chegar ao fim e que isso não precisa obrigatoriamente denotar ódio pessoal, falta de caráter ou falta de respeito. Tentar ser mais disponível para acompanhá-los em suas atividades, mesmo que antes eram da mãe, é muito importante para suprir contatos que não poderão ocorrer por estarem em diferentes endereços. Telefonar o mais freqüente possível supre este distanciamento.
Guia da Semana: Como o pai faz para conhecer melhor seus deveres e direitos?
Luiz Cuschnir: Se questionando como foi com ele e o que ele senti mais falta na própria educação. Em geral esse é um bom recurso para refletir e descobrir como está sendo o seu filho e o que ele pode estar precisando. Reconhecer seus deveres tem a ver com responsabilidade que hoje passa a ser mais ampla na família e com um lugar mais claro com o filho. Quando ao direito, ele deve se colocar com tantos direitos como a mãe de orientar e acompanhar o filho, senão fica uma relação de segunda categoria e não prioritária como deve ser. Para tanto as responsabilidades são equivalentes às da mãe. Ele perde o direito equilibrado quando não assume as responsabilidades também.
Guia da Semana: Quando saber que não vale mais a pena tentar?
Luiz Cuschnir: Muitas vezes as pessoas não conseguem identificar sozinhas os motivos pelos quais estão dentro de um relacionamento nocivo, porque envolvem carências afetivas que remontam a infância. Parece que precisam de relacionamentos infelizes porque era isso que passaram quando pequenas, por compensação de outros anteriores ou pela baixa auto estima desenvolvida neste relacionamento específico. Nossa mente tem uma capacidade incrível de se blindar e barrar informações que possa desestruturar nossa psique e assim, não conseguimos chegar ao cerne da questão dos maus relacionamentos.
Se está em uma relação que causa desconforto ou que traz infelicidade, o melhor é procurar uma ajuda profissional de uma psicoterapia com psiquiatra ou psicólogo, que vão conseguir ajudar e perceber o que provoca tudo isso. Em uma terapia, com o processo em andamento, a pessoa entra em contato com estas questões profundas e tem maior acesso e controle sobre suas emoções. É no consultório que vai entender se vale a pena ou não lutar por essa relação e saber como lidar fora quando sair dali. Digo sempre que a pessoa se apodera do que é seu e passa a gerir a própria vida e não fica a mercê dela.
Guia da Semana: Dicas para retomar as antigas amizades?
Luiz Cuschnir: Essa é uma questão interessante. Muita gente se ressente de ter abandonado as amizades em detrimento a um relacionamento e depois que esse chega ao fim, se sente com vergonha de procurar os antigos amigos com receio de ser desprezado. É óbvio que quando se envolve com alguém, passa-se a priorizar a pessoa amada. Todos são assim, os amigos também. Assim, quando a relação acaba, nada impede de tentar se aproximar gradualmente das pessoas que fizeram companhia nos tempos de solteirice, ou casais que não combinavam com esta relação. Dependo do tipo de amizade, não é adequado lamentar a perda ou, se a ex foi o motivo de afastamento na amizade, ficar falando mal dela. A reaproximação com os amigos deve ser natural e pode ampliar muito a auto-estima ao se sentir querido por pessoas que detém muitos dados da sua história.
Aparência
Guia da Semana: Melhorar o visual ajuda na conquista? Como recorrer a isso sem perder a personalidade?
Luiz Cuschnir: Melhorar o visual obviamente ajuda na auto-estima, na sensação de se sentir bem consigo mesmo. A questão é não cair na caricatura, ou seja, se você é uma pessoa que sempre se vestiu formalmente e começa a usar somente roupas esportivas bem coloridas, vai causar estranheza entre os conhecidos e aí fica a questão: a quem você quer impressionar? Porque uma mudança radical de visual está refletindo algo que você está sentindo interiormente e que talvez não tenha sido trabalhado ainda por você. Perceber se o descaso com os cuidados pessoais fazem parte de elementos autodestrutivos ou de desvalorização dos outros, podem indicar um caminho para regularizar isso. Descuidar-se muitas vezes vem junto com o desinteresse nos outros como uma atitude egoísta e narcísica. Dependendo de quem, a impressão externa é a que impressiona e pode ajudar nos primeiros momentos.
Guia da Semana: A academia ajuda a arejar a mente ou o negócio é se jogar no trabalho?
Luiz Cuschnir: Qualquer um dos dois, desde que esteja fazendo algo que gosta e que faça sentir-se bem. A atividade física comprovadamente faz o corpo produzir hormônios que dão a sensação de bem-estar. É importante forçar e tentar vencer a inércia para ter alguns resultados no mínimo. Se o que faz relaxar é algo que desafie a mente ou que atice o lado profissional, então pode ser uma ótima companhia, muitas vezes em horas que a mente leva para a tristeza e desânimo.
Guia da Semana: Escolher uma atividade nova é uma boa alternativa? Como fazer isso?
Luiz Cuschnir: Aceitar convites para lugares e atividades novas, vencendo o negativismo e a rigidez, é um começo. Buscar informações e ter curiosidade para estar fazendo algo que nunca fez, pode se um jeito de aproveitar a experiência de estar sozinho. Isso pode até ajudar a descobrir novos campos como para ilustrar os relacionamentos seguintes.
Conquista
Guia da Semana: Como voltar a caça?
Luiz Cuschnir: Apoiando-se de amigos é sempre o melhor assim terá dicas e atualizações do que está acontecendo.
Guia da Semana: Recorrer ou não aos antigos contatos femininos?
Luiz Cuschnir: Podem ser úteis para não se fechar em casa e depender de TV ou internet. Sair um pouco sempre faz bem e provoca contrastes que são interessantes para quebrar a rotina casa/trabalho.
Guia da Semana: Dicas para se dar bem na hora da conquista…
Luiz Cuschnir: A autoconfiança ajuda muito. Retomar os pontos que asseguram e dão orgulho do que faz, do que tem, do que pensa. Sempre com muita adequação e com uma boa dose de humildade. Em geral provoca a baixa agressividade dela. Cuidado para não exagerar em escutar muito ou falar muito. Os excessos podem zerar a energia necessária.
Guia da Semana: Dá pra deixar claro que você quer curtir com alguma pessoa, mas não quer nada sério?
Luiz Cuschnir: É até bom pois daí pode vir uma relação honesta e quem sabe ma amizade.
Guia da Semana: Dicas para não se precipitar e engatar um relacionamento em pouco tempo.
Luiz Cuschnir: Espaçar os encontros e evitar desde o início o controle do que está fazendo e excessos de telefonemas.
Guia da Semana: Você é a pessoa certa, mas não no momento certo A frase ainda funciona ou atrapalha mais do que ajuda? Caso atrapalhe, como dizer isso de uma maneira convincente?
Luiz Cuschnir: Se houver um interesse em manter o relacionamento, pode-se usar, mas não for assim, só adia o término.
Guia da Semana: Optar por quantidade ou qualidade?
Luiz Cuschnir: Se for para brincar, a primeira opção, se for para buscar um projeto de vida, a outra.
Guia da Semana: Como saber se está cedo pra começar um relacionamento ou se ainda é melhor dar um tempo?
Luiz Cuschnir: Uma das melhores características do homem é justamente conseguir racionalizar na hora da escolha e pautar os prós e contras de determinada pessoa, com base nas experiências passadas. Homens muitas vezes fazem um test drive nas mulheres e vão optar no final por aquelas que estão dentro do seu desejo. Essa compatibilidade entre o real e o desejado é que pode talvez dar o tom de se você deve ou não enfrentar um relacionamento e não a questão tempo em si.
Guia da Semana: É melhor sair com um grupo grande de amigos ou só alguns?
Luiz Cuschnir: Tanto faz, ambos podem trazer seus benefícios. Grupos grandes podem ser mais animados e divertidos, criando um clima mais de festa. Há a possibilidade de serem contatos mais superficiais, com menor chance de confissões e papos mais profundos. Já quando são menores, os grupos tendem a criar mais intimidade e “ombro amigo” que nessas horas é sempre bom. Por outro lado, o tema do término do relacionamento é repetido e revisto o tempo todo, por vezes criando um muro de lamentações.
Guia da Semana: Sair com amiga atrapalha ou ajuda?
Luiz Cuschnir: Se for amiga da ex também, pode atrapalhar. Tem que se tomar cuidado para não usar essa para passar recados e criar mais confusão e ataques desnecessários. Se for dele, principalmente se for amiga antiga, pode ajudar a enxergar algumas situações do ponto de vista feminino ou ainda apresentar-lhe algumas amigas interessantes. Amigos muitas vezes cuidam, com muito menos interferência e interesses que os próprios companheiros pois estão isentos e podem ver aspectos positivos sem os ressentimentos inerentes às relações que terminam.
Guia da Semana: Na hora da conquista, como fugir de dar bola fora?
Luiz Cuschnir: Primeiramente é preciso que ser claro com a pessoa que lhe interessou. Mostrar-se com cuidado. Sinceridade excessiva também pode se tornar um problema. Pouca sinceridade também, então, o meio termo percebendo o terreno que está pisando é mais adequado. Conquista é feita se “vendendo”, mas escutando o outro também, por isso balancear entre se colocar e perguntar, saber do outro e se apresentar, é o melhor ritmo. Ter em mente que é somente uma “entrevista” e não uma promessa de um futuro.
Mídias Sociais
Guia da Semana: Deletar o contato com a ex ou manter?
Luiz Cuschnir: O pulo do gato aqui é: até que ponto a ex saber do que acontece na vida dele, pode se transformar em um problema. Se na rede social dele e seus amigos postam onde esteve, se foi viajar, se foi para a balada, fotos etc, seguramente a ex vai ficar irritada. A mesma coisa pode acontecer se moças escreverem gracinhas. Se há filhos em jogo, o contato amistoso via telefone ou mensagens pode ajudar a planejar o cuidado deles e ao mesmo tempo indicar que o intuito é manter a amizade sem beligerância.
Agora, o oposto também é uma verdade. Como ele vai se sentir se ver fotos ou informações dela que denotem que ela está engatando em outro relacionamento, seja ele fugaz ou sólido?
Guia da Semana: As indiretas pelas mídias sociais ajudam ou atrapalham? O que fazer caso receba alguma?
Luiz Cuschnir: Rede social é uma forma de comunicação tão forte como foi o telefone, o celular etc. Se receber indiretas de meninas interessadas e houver a sua disponibilidade, pode entrar no jogo. E se perceber indiretas de pessoas que possam prejudicar, fora do seu padrão, sem referências claras de quem é, não deve jogar. O que menos ele precisa neste momento de perda é ter mais confusões ou escândalos.