Por Dentro da Alma Feminina

Diário do Nordeste por Sergio Lemo

Psicoterapeuta Luiz Cuschnir lança livro “A Mulher e Seus Segredos” no qual desvenda mistérios que permeiam o imaginário feminino.

O Dia Internacional da Mulher surgiu como forma de comemoração das conquistas econômicas, políticas e sociais alcançadas pelo sexo feminino nas últimas décadas. É impossível negar que elas estejam muito mais fortes e decididas do que suas mães e avós. Mas, segundo o psicoterapeuta Luís Cuschnir, autor do livro “A mulher e seus segredos” (Larousse do Brasil), o sexo feminino, do ponto de vista emocional, ainda tem necessidades e fragilidades escondidas.

Na publicação, que será lançada na próxima quinta-feira, em São Paulo, o autor aborda o comportamento da mulher na sociedade moderna, suas motivações, seus desejos e suas decepções. Além disto, traz a experiência de mais de 30 anos como psicoterapeuta que estuda a “alma” da mulher de maneira criteriosa e científica em convivência diária, ao longo de seu trabalho, seja com suas pacientes ou as mulheres de sua vida.

As revelações certamente surpreenderão as próprias personagens. O autor mostra os aspectos “fortes” e “frágeis” da mulher, e indica como ela pode se conhecer melhor e como atuar para ser mais feliz em seus relacionamentos afetivos, tanto amiliares como amorosos.

História pessoal

A obra inicia com a história pessoal do autor e como foi se desenvolvendo a sua vivência com as mulheres da família, passando pelas suas primeiras relações afetivas e a sua primeira paciente.

A partir dessa experiência, desenvolvendo estudos sobre os homens e o masculismo, o especialista ampliou as pesquisas para o relacionamento entre os gêneros até chegar a um livro que aborda exclusivamente a alma feminina.

Segundo o psicoterapeuta, a publicação trata de temas da mulher atual, que já está transformada, a partir das mudanças psico-socioculturais da sociedade moderna, e já conquistou espaços para se afirmar e ser respeitada (veja trecho do livro no quadro ao lado).

Mesmo assim, ele diz que do ponto de vista emocional, as mulheres ainda apresentam uma série de necessidades.

“Algumas provenientes de fantasias que têm sobre relações amorosas e da construção de um contexto familiar, que muitas vezes não coincide com o que é factível quando tenta conciliar com o seu papel profissional e desenvolvimento econômico”, afirma o especialista que coordena o Gender Group, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Os leitores irão se deparar com diversas cenas que inspiram o que a mulher imagina e cria dentro de si como um caminho para ser feliz, segura, amada e o mais importante: “ser chamada de mulher”.
“Elas se exigem o tempo todo, por isso, no livro, estou dando o caminho para o seu desenvolvimento pessoal, a partir da harmonia interna de todos os seus predicados”, justifica.

Para a apresentadora de televisão Adriane Galisteu, que escreve o prefácio do livro, “talvez a dica mais preciosa seja a de que, a cada instante, temos a oportunidade de ser outra se não estivermos felizes com a mulher que somos. Podemos mudar sempre que pudermos ou quisermos”.

TRECHO DO LIVRO

Uma ferida na feminilidade

Costumo dizer que existe uma espécie de ferida maculando a feminilidade da mulher contemporânea. Ao deixar o ambiente doméstico para se lançar no mercado de trabalho, algumas foram atrofiando sua feminilidade, distanciando-se da sua essência feminina, com medo de parecerem frágeis demais diante dos colegas de trabalho do sexo oposto, jamais talhados para os embates no campo profissional. Em certos ambientes profissionais e corporativos, procuraram mesmo esconder esses seus aspectos particulares, que poderiam denunciar suas inseguranças, inexperiência e medos. Isto vale tanto para as profissionais de ambientes corporativos quanto para as profissionais liberais.

Aos poucos, o comportamento que era só uma armadura para enfrentar as batalhas profissionais foi se internalizando em outras esferas da vida feminina. é a história da máscara que adere ao rosto e faz com que a pessoa tenha a sua personalidade desfigurada. A sua essência de mulher foi danificada pela máscara que teve de usar para não parecer o sexo frágil. Amalgamadas, hoje as máscaras a confundem na definição da mulher que são.

Como em geral acumulam muitas funções ao mesmo tempo, sentem-se divididas, o que as enfraquecem e as tornam vítimas de um insuportável sentimento de culpa. Se trabalham fora, sentem-se culpadas por não se dedicar como queriam à vida amorosa ou aos filhos. Se não trabalham fora, sentem-se incapazes por não ter voz ativa na roda social dos economicamente ativos. Se tem namorado, ou filhos que as consomem emocionalmente, se ressentem por não concentrar os esforços na carreira. Se optam por se dedicarem apenas à carreira, sentem-se incompletas por não ter filhos ou um namorado. Se estão solteiras, sonham com a vida a dois. Se estão casadas, sentem falta da liberdade que tinham antes. Se são descasadas, ficam divididas entre o alívio e a solidão de não ter alguém com quem dividir a cama e a vida.

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