Site Abílio Diniz– Nancy Campos – maio/2013
Para corrigir os próprios defeitos é preciso primeiramente aceitá-los, por meio do autoconhecimento, da reflexão e das críticas alheias, segundo o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir.
Idealizador e coordenador do GENDER GROUP do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e do IDEN (Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher), o especialista defende que para nos aprimorarmos devemos abraçar todos os aspectos do nosso ser e, assim, trazer à tona o melhor de nós. Confira a entrevista:
Pergunta: Qual o ponto de partida para reconhecer os próprios defeitos: Autoanálise? Autoconhecimento? Aceitação das críticas alheias?
Luiz Cuschnir: A humildade de perceber que há a necessidade de se ver, se conhecer e relativizar todos os dogmas e crenças a seu próprio respeito é o começo. Depois que seguir esses caminhos, seguem a reflexão sobre seus atos ou a aceitação de que os outros podem ter coisas para dizer a seu respeito.
Pergunta: Uma vez reconhecidos os defeitos, como buscar vencê-los?
Luiz Cuschnir: Aceitando-os. Cabe a cada um iniciar um processo de entendimento mais amplo do que ocorre. É muito mais fácil com a ajuda de um psicoterapeuta, pois quando se examina mais profundamente a situação, aliada aos sentimentos envolvidos, o caminho é apontado para ultrapassá-los.
Pergunta: Em geral, as pessoas se esforçam para aprimorar-se profissionalmente. O que devemos fazer para nos aprimorarmos como indivíduos?
Luiz Cuschnir: O aprimoramento como indivíduo é sempre muito mais abrangente do que na esfera profissional. Somos muito maiores do que somente sob o prisma do trabalho. Quando conseguimos abraçar vários aspectos do nosso ser, estamos trazendo todo o nosso potencial ou, pelo menos, o máximo e melhor que podemos. Isso facilita o desenvolvimento como um todo. Há pessoas que incluem o espiritual, o religioso. Outras, as relações humanas, sociais e familiares. Ainda outras dão um sentido maior para a profissão, mais do que pelo poder ou dinheiro. Tudo depende da concepção de vida de cada um.
Pergunta: Como reconhecer se estamos sendo muito rígidos conosco, ou seja, qual o limite entre a aceitação dos nossos limites e a busca por melhorar aquilo que não somos tão bons quanto desejamos?
Luiz Cuschnir: Essa rigidez vem de exigências que fazem parte do que cada um quer da vida. Há pessoas que se cobram justamente por não conseguirem fazer mudanças mais profundas e insistem em ser o que não são de verdade. Outras só enrijecem na forma e não no conteúdo.
Pergunta: Quando buscar ajuda profissional?
Luiz Cuschnir: Quando se está inconformado ou infeliz com a vida que se leva. Quando se quer ouvir e desenvolver mais do que já está fazendo. Mas ir para uma terapia para provar que está certo, não adianta nada.