Diário da Região São José do Rio Preto por Fabiano Ferreira – abril/2007
Ok, já sabemos: a mulher não é mais a mesma. Independente, bem formada e preparada para as intempéries do mundo moderno, ela conquistou espaço e, de agora em diante, tende cada vez mais a cravar sua marca em todos os setores da sociedade. A boa notícia é que para essa nova empreitada elas não precisam abandonar completamente seu lado feminino. Para a mulher moderna, do novo milênio, o desafio é equilibrar as conquistas feministas e o lado feminino (aquele que inclui firulas, delicadeza e cuidados com a aparência) no seu dia-a-dia, sem perder a pose ou o espaço conquistado. Essa nova mulher, que trabalha, estuda, mas ama o marido e os filhos e cuida do próprio corpo, está sendo chamada de “mulher alfa”. O termo foi cunhado pelo psicólogo e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard, Dan Kindlon. Trata-se de uma feminista feminina: quer conquistar o mundo, mas não abandona o sonho de se casar, ter filhos e uma família unida.
Já imaginou como seria um mundo inteiramente comandado pelas mulheres?
Meio-termo
Para o psicólogo Luiz Cuschnir, do Iden (Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher), de São Paulo, hoje a mulher vive uma situação de maior conforto, pois não tem de esconder o que é ou ficar em uma atitude de humilhação submissa. Por outro lado se fala muito que a mulher se sobrecarregou com o acúmulo dos papéis que encara hoje em dia. São exigências constantes em que tem de se provar, confirmar, enfrentar, sobreviver e sair-se vencedora do que quer conquistar.
Feministas e femininas
O equilíbrio entre a vida e a carreira profissional com a possibilidade de se dedicar a si mesma e à família como gostaria é o grande desafio da mulher de hoje. No livro “A Mulher e Seus Segredos – Desvendando a Alma Feminina” (Larousse), Cuschnir aborda a mulher e aspectos que estão relacionados com suas dificuldades e traz como exemplos a mulher com “máscara de ferro” e a “dondoca”, como ilustração de como a mulher pode estar sendo vista de uma maneira muito diferente do que ela é na sua essência. “O equilíbrio se dá justamente quando ela consegue conciliar o que está mostrando com o que é verdadeiramente”, diz o autor em entrevista ao Diário.
Formação de qualidade
As mulheres estudam e obtêm os melhores títulos. Essa evolução vem de uma necessidade inerente a elas de ampliar seus horizontes no intuito de conquistar mais realizações pessoais. “Não vejo isso como uma comprovação de que são capazes. Sem dúvida têm um potencial que desejam que seja preenchido, portanto vão em busca disso para o seu desenvolvimento pessoal”, continua o psicólogo. Esta busca provoca um estímulo aos homens no sentido de também ampliar e desenvolver, mas pode também ameaçá-los se não tiverem as mesmas condições de interesse em se dedicar e se esmerar para obter um maior desenvolvimento acadêmico. O degrau pode ir ficando maior e as trocas intelectuais e culturais, mais difíceis para ambos.
Como eles ficam?
E os homens, será que estão assimilando essa nova mulher ou ainda estão assustados e perdidos? Luiz Cuschnir responde: “Não os vejo perdidos. Sabem que se não correrem atrás, ‘a roda gira’ como se diz, o mundo continuará a escolher os melhores para cada tarefa que precisa ser desempenhada. Os homens estão bem mais mobilizados a desenvolver o seu potencial de relacionamentos, a integração do emocional com o racional, o cuidado pessoal e com a própria saúde. O susto ocorreu quando tiveram de acordar no meio do seu sonho de que tudo estaria já conquistado e estariam sentados no seu trono de autoridade máxima. Agora ambos estão em condições de liderar”.
Velhos papéis
E as mulheres que ainda são submissas, tanto intelectualmente quanto financeiramente, como elas vão ficar em poucos anos? Felizmente, a submissão intelectual não consegue ser mantida em virtude dos meios de comunicação que ultrapassam quaisquer fronteiras para o conhecimento chegar a elas. “é quase uma piada um homem querer restringir uma mulher a perceber o que está acontecendo com a sua posição mais capaz em poder resolver e raciocinar em qualquer situação da vida. Quanto à submissão econômica, temos cada vez mais o crescimento profissional e a compensação do trabalho para as atividades profissionais da mulher. Em geral, quando as mulheres perceberem o que ocorre se deixarem de lado necessidades amorosas e afetivas a serem preenchidas, poderão ser afetadas do ponto de vista econômico também.