Concedida a Chris Bueno – Uol Ciência e Saúde- 25/09/2011
Revista UOL: O conceito de macho alfa e macho beta são conceitos realmente utilizados Na psicologia, ou são apenas uma construção social? Como a ciência vê essa definição?
Luiz Cuschnir: São conceitos que diferenciam atitudes diversas, no caso de homens e principalmente relacionados a atitude para com a mulher e seus relacionamnetos com ela. Não há uma descrição científica nem do ponto de vista psiquiátrico nem psicológico que unifique esses conceitos. Podemos dizer mais que é um jeito do homem ser levando em consideração a sua masculinidade e como a utiliza quando se coloca no mundo.
Revista UOL: Ainda que seja apenas uma construção social, como a psicologia explica esses comportamentos?
Luiz Cuschnir: Como estão embutidos conceitos morais e de certo e subrepticiamente de errado/certo, podemos utilizá-los para tomar como modelo generalizando e tentando descrever um homem mais livre para demonstrar sentimentos e ter atitudes cooperativas para com a mulher e outro mais pautado em diferenciar o seu papel na relação com ela e ancorado em paradigmas de diferenciação entre o masculino e feminino mais precisas.
Revista UOL: Existe alguma pesquisa que aponte traços biológicos como determinantes para esse comportamento?
Luiz Cuschnir: O que se pode dizer é que a personalidade e a educação senso lato dão indicações para o homem se colocar no mundo, dependendo das suas experiências passadas e ambiente que vive. Há traços psicológicos e não biológicos que interferem nesse comportamento. Por exemplo, homens que tiveram experiências negativas agressivas para com elas, tenderiam a se fechar mais e ter menos atitudes inclusivas, já que não confiam na mulher como tendo condições de aceitá-lo com suas emoções. Homens mais seguros de sua condição masculina têm mais clareza de como se apresentar e o que se vê em psicoterapias é que a confirmação do masuclino abre para ele a possibilidade de se posicionar melhor perante a mulher. Este deixa mais claro o que tem para contribuir e o que não está disponivel.
Revista UOL: Quais as características mais notáveis dos homens alfa e homens beta?
Luiz Cuschnir: O homem alfa se propõe a proteger suprir a mulher dando-lhe a segurança de que ela pode relaxar e seguir o seu caminho de conquista para se posicionar no mundo. Pode também utilizar esse posicionamneto e desvalorizar a mulher até de uma maneira agressiva e quando estrapola já estamos perante um machista. O homem beta utiliza a sua força na hora certa, mas está envolvido em participar com ela dos seus afazeres, não se importando com uma divisão de tarefas, mas previlegiando o convívio e tempo juntos. Pode também estar nessa posição e perder a sua força sem encontrar atributos que o confirmem na sua masculinidade. Aí estamos perante homens hipersensíveis que são vistos como fracos por elas.
Revista UOL: Considerando o comportamento de um macho alfa, é provável que seja mais bem sucedido em sua vida profissional e amorosa?
Luiz Cuschnir: Não há como dizer pois o provável sucesso em ser um ou outro é de acordo com o vínculo afetivo que está envolvido. Se ele consegue integrar a sensibilidade mais expandida em sua vida profissional, pode ser útil para o seu relaiconamento com o ambiente de trabalho e terá ganhos com isso. O mais importante na vida amorosa é ele estar seguro para se colocar como é verdadeiramente. Dessa maneira também será mais fácil escolher a mulher que o complemnte e que ele poderá suprir.
Revista UOL: É possível um macho beta se tornar um macho alfa? Como?
Luiz Cuschnir: Acredito em transformação e em desenvolvimento pessoal, senão não poderia ser um psicoterapeuta. Já acompanhei homens que aprenderam um ou outro jeito de ser e puderam aplicar isso numa complemtnação melhor e atender as necessidades da sua companheira. Mas isso demanda um trabalho de empenho e disposição de se perceber e aceitar que precisam ser mais flexíveis e perceptíveis. Os trabalhos de psicoterapia voltada para os temas de gênero que desenvolvo tanto no consultório particular como no instituto de psiquiatria do hospital das clínicas da faculdade de medicina da universidade de são paulo no gender group® visam esses conceitos do novo homem e da nova mulher.
Revista UOL: Existem também mulheres alfa e beta? Quais suas características?
Luiz Cuschnir: Mulheres que se colocam mais como provedoras e só voltadas para o profisional, poderiam ser identificadas com os homens alfa. As que vivem o seu feminino e o seu poder mais conciliados, mantém atitudes onde o profissional não esconde a sua feminilidade.
Revista UOL: Nos tempos modernos, em que as mulheres alcançaram tantos direitos e muitas mantém relações de igualdade e, às vezes, até de superioridade (em termos de posição profissional e cargos de chefia) com os homens, os macho alfa enfrentam uma crise? Como eles lidam com essa realidade?
Luiz Cuschnir: Nesse desenho que você esboçou, têm que provar mais fortemente seu potencial e se são tratados por elas com superioridade, tornam-se homens irritados e constrangidos. Podem sentirem-se mais fracos e terem atitudes exacerbadas de agressividade e serem mais competitivos com elas.