Entrevista concedida à Astral – Vivian Garcia – 06/2011
Vivian Garcia: De acordo com os seus conhecimentos, é verdade que, atualmente, os homens querem mais compromisso? Por que?
Luiz Cuschnir: Na verdade hoje os homens estão mais autênticos, mais abertos e também mais seguros de expor o que querem em um relacionamento. Homens são mais claros para si mesmos, naquilo que querem, ou seja, às vezes querem um relacionamento para se testar, outras vezes para ver onde estão pisando e quando querem um relacionamento sério, vão, sim, se dedicar para conseguir e manter.
Vivian Garcia: Eles têm dificuldade de se envolver emocionalmente?
Luiz Cuschnir: Quando isso acontece, é porque eles trazem algum rancor ou trauma de relacionamentos passados e é aí que o homem vai ser muito mais cuidadoso, “ficar” mais do que sair namorando, conhecendo novos tipos de mulheres e analisando qual está mais dentro do seu perfil até se deixar envolver mais profundamente. Homens podem ser racionais em suas escolhas e nessa busca pode parecer que eles não querem se envolver emocionalmente. Avaliam com ferramentas que têm mais disponíveis e mantém ma certa distância. Querem sim ter uma mulher ao lado, mas a mulher mais compatível.
Vivian Garcia: O que eles buscam num relacionamento? Por que?
Luiz Cuschnir: Principalmente alguém para lhes ajudar em seus projetos, reais ou imaginários. Muitos homens querem se completar com o relacionamento, alguém para dividir certos fardos. Mas muitas vezes a mulher ocupa o espaço da companhia, do acompanhamento, onde o homem deposita seu material afetivo, seus sonhos e projetos, sua sensibilidade e o desejo de ser amado.
Vivian Garcia: Qual o tipo de mulher que faz o homem querer um compromisso sério? Explique…
Luiz Cuschnir: Aquela que o valoriza, que não tenta ser mais do que ele, que tenha sua própria força e independência, sem nunca perder a feminilidade, aquele jeito feminino de ser, sem se colocar no papel de mãe dele. Homens querem alguém que os completem. E quando o homem quer uma verdadeira companheira para concretizar seus planos e sonhos futuros, a inteligência e a fidelidade passam a ser características fundamentais para um relacionamento de longo prazo.
Vivian Garcia: Eles querem um casamento estável ou preferem somente morar junto? Tem diferença entre esses homens?
Luiz Cuschnir: Depende do homem. Alguns querem um casamento mesmo, com toda a pompa e circunstância, às vezes até para contentar a parceira e/ou família. Homens também têm sonhos e gostam de comemorá-los, nem sempre da mesma maneira que elas. Outros se contentam em morar junto, fazer crescer o relacionamento através de ações mais práticas, visando a estabilidade econômica. Alguns deste segundo grupo podem estar tentando se proteger e testando a mulher amada, antes de realmente assinar os papéis ou seja, na cabeça dele, se a coisa não ser certo, é só recolher seus pertences e ir embora, enquanto em um casamentos existem aspectos legais e meio que dar satisfação à família.
Vivian Garcia: Com a independência financeira, as mulheres estão ficando menos carentes e emocionalmente presas a seus parceiros? Explique…
Luiz Cuschnir: Elas podem estar mais independentes dos seus parceiros, mas para a maioria, o sonho de achar algum ‘príncipe encantado, casar e ter filhos ainda é muito forte, portanto existe ainda uma ligação muito forte das mulheres com seus parceiros, emocional e afetiva. É óbvio que as mulheres hoje têm muito mais poder de decisão que suas avós (ou mães) tiveram. Algumas podem não querer se casar, podem não querer ter filhos, podem se dedicar a uma profissão, mas trazem presente a crença de serem esposas e mães e isso, uma hora, vai pegar. Elas valorizam muito que esse homem representa na vida delas.
Vivian Garcia: Elas querem mais liberdade e sexo?
Luiz Cuschnir: Se compararmos com outros tempos, sim. Mas não acompanho mulheres que desejam tanto a liberdade como o homem faz. Elas querem um espaço para o próprio desenvolvimento, e assim precisam dessa liberdade. Quanto a sexo, em geral tem uma satisfação quando é de uma maneira que caiba em ma relação estável.
Vivian Garcia: Como fazer para manter um relacionamento sério por muitos e muitos anos sem desgastar o romance?
Luiz Cuschnir: A constante renovação de um relacionamento está sempre pautada em um diálogo claro entre os dois parceiros, respeitando-se os limites de cada um. Explicando, muitas mulheres reclamam que os homens não se abrem e não falam o que sentem. Homens tem uma maneira própria de processar seus sentimentos e para muitos não há a necessidade de se falar isso a todo momento. Podem fazer isso com atitudes, diferente das mulheres que são mais verbais. Já eles reclamam justamente que elas não os querem escutar de verdade. Que quando eles querem se abrir ou até mesmo dar dicas de sua insatisfação ou satisfação, elas não o compreendem e contra argumentam forçando que seus pontos de vista sejam incutidos. Quando um casal consegue fugir disso e passar um para o outro o que gostam e o que não gostam na relação, aí é meio caminho andado para um relacionamento amoroso e cheio de romance por muito tempo. Esta, aliás, é a base no meu novo workshop (de 03 a 05 de junho), onde dizemos que a melhor forma de estreitar os vínculos é entender o outro. Os trabalhos que realizo pautados nas questões de gênero, particularizando o que eles pensam e sentem para depois compartilhar com outras mulheres, ajuda muito a se entenderem melhor.
Vivian Garcia: Como é e como age o homem de hoje? Explique…
Luiz Cuschnir: O “novo” homem é aquele que notou as mudanças no mundo feminino. Que entende as conquistas delas, especialmente no âmbito profissional e que isto trouxe profundas mudanças nas relações entre os gêneros. É um homem que desenvolve um potencial para se relacionar, integrando emocional e racional, abrindo mais seus sentimentos, assumindo papel mais presente na criação dos filhos e mais, não descuida mais de sua aparência pessoal. É o homem que descrevi como produto do Masculismo (termo cunhado na literatura em minha dissertação de mestrado na área de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) que, diga-se de passagem, é um movimento correspondente ao Feminismo com uma tentativa de se chegar a um homem mais completo e preparado para as mudanças no mundo feminino.
Vivian Garcia: Quais os tipos de homens existentes hoje (românticos, aventureiros, conquistadores…)? Por que?
Luiz Cuschnir: Existem tantos tipos de homens quanto existem de mulheres. Com certeza tem aqueles mais românticos que vão agradar às mulheres mais sonhadoras, os aventureiros que sim, cumprem uma função para mulheres mais soltas, os conquistadores que realizam a fantasia de algumas mulheres, os mais carentes que atendem aos anseios das mulheres mais maternais etc.
Vivian Garcia: Eles querem conquistar ou ser conquistados? Por que?
Luiz Cuschnir: Mais importante do que conquistar ou ser conquistado, o homem quer que alguns limites entre homens e mulheres sejam respeitados. Homens querem que as mulheres continuem femininas e não assumam um papel masculino na relação. Mulheres conquistaram o direito de tomar a iniciativa ou até mesmo ser mais clara na exposição do que quer, mas uma coisa é certa o homem ainda vai querer ser cortejado por uma mulher que tenha atitudes mais “sensíveis” ou “delicadas”, mostrando-se mais receptivas e discretas ao mesmo tempo. Ajuda alguns mais tímidos ou reservados quando elas demonstram que os aceitam. Agora, as mulheres com posturas masculinas, proativas demais ou incisivas em demasia, acabam incomodando os homens.
Vivian Garcia: Por que, com o passar dos anos há essa mudança no comportamento de homens e mulheres?
Luiz Cuschnir: É uma evolução natural no ser humano. Pense bem, historicamente as mulheres lutaram muito para conseguir seus direitos. Elas não podiam votar, não podiam estudar, não podiam se candidatar a cargos públicos. Tudo isso foi sendo conquistado e, depois da II Guerra, o alvo feminino foi o profissional e as relações de prazer e sexo com os homens. Acontece que ao se alterar o status quo feminino, muda-se, automaticamente, o masculino. As relações acabam sendo diferentes. E homens e mulheres têm que amadurecer a idéia de que não vivemos mais como nossos avós, evoluir nessas relações e criar uma nova maneira de conviver em paz e de maneira edificante.
Vivian Garcia: Essas mudanças são positivas? Explique…
Luiz Cuschnir: Por mais assustadoras que sejam para alguns, elas são muito positivas. Elas confirmam a mulher, permitem mais a sensibilidade masculina e ampliam as possibilidades de cada gênero se expressar como ser humano.
Vivian Garcia: Dê dicas (por itens) para as mulheres que estão em busca de um homem para assumir um compromisso sério e duradouro.
Luiz Cuschnir:
- Nunca deixe de ser feminina.
- Deixe e estimule que ele seja o masculino da relação.
- Entenda que homens sentem e comunicam de maneira diferente das mulheres.
- Homens pensam mais amplamente e por isso parecem ser mais lerdos em decisões (amorosas também)
- Homens não desperdiçam um “eu te amo”. Para eles, o momento de falar deve ser o mais espontâneo e sincero possível. Não querem vulgarizar essa expressão.
- Você pode até insinuar ou se interesse ou tentar conquistar o homem, mas nunca seja incisiva ou agressiva demais na sua conquista.