Talentosos, inteligentes e politicamente corretos, durante onze anos a atriz Gwyneth Paltrow e o cantor Chris Martin, da banda Coldplay, encarnaram o modelo de casal perfeito. E, no último dia 25 de março, eles se tornaram também referências de descasados bem resolvidos, depois que o blog da atriz, o Goop.com, publicou o post intitulado “Conscious Uncoupling”, termo que a imprensa brasileira traduziu como “separação consciente”.
No blog, a atriz anunciou: “É com o coração cheio de tristeza que decidimos nos separar. (…) Contudo, nós somos e sempre seremos uma família e, de muitas maneiras, estamos mais próximos do que nunca”. O anúncio da separação provocou tantos acessos que sobrecarregou o Goop.com e o fez sair do ar.
A repercussão na imprensa americana foi imediata. “What the hell is ‘conscious uncoupling,’ anyway?” (“Que diabos é ‘separação consciente’, afinal?”), disparou o site Huffington Post. Na CNN e na revista americana Time, o termo também foi questionado. Porém, logo se descobriu o conceito de “separação consciente” teria sido usado pela primeira vez pela terapeuta norte-americana Katherine Thomas Woodward, em 2010.
Atualmente, ela está escrevendo um livro sobre o assunto, em um momento mais do que oportuno. A terapeuta também dirige oficinas para ajudar casais a se separarem de forma tranquila e sem tantos desgastes, com um nível de consciência que os proteja de agir de forma impulsiva, conforme as emoções do momento.
“Separação consciente é somente mais uma terminologia para descrever as separações em que os conflitos são elaborados de forma mais madura”, esclarece o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, coordenador do IDEN – Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher. Na teoria, não há segredo algum. O difícil é a prática.
O caminho da separação amigável
Estamos falando de um processo que só é possível quando as pessoas têm um bom nível de percepção e de aceitação do que está ocorrendo à sua volta. Segundo o psiquiatra, o primeiro passo é o casal reconhecer que o casamento chegou ao fim, tarefa que não é tão simples quanto parece. Afinal, mesmo quando o vínculo amoroso já se desfez, pode persistir uma dependência afetiva, o que dificulta o processo de separação. “É preciso aceitar a finitude de histórias de vida e reconhecer os limites próprios e os do outro”, diz Cushnir.
Durante esse processo, o especialista orienta que se procure usar sempre a razão, deixando as pendências de lado e cultivando uma atitude de respeito mútuo. “Não se deve fazer balanços de quem perde ou ganha com a separação ou de quem é a culpa pelo término”, afirma.