Entrevista concedida à revista Ouse
Heloísa Noronha: Isso é uma moda passageira ou representa uma evolução de comportamento que veio mesmo pra ficar?
Luiz Cuschnir: Sem dúvida é uma transformação do conceito do homem perante a sociedade. é uma evolução de um homem mais fechado, hermético e reservado, cheio de máscaras, como descrevo em dois livros meus (“Homens sem máscaras – Paixões e segredos dos homens” e “Homens e suas máscaras – A revolução silenciosa” – Ed. Campus). Homens hoje podem e devem se cuidar mais, tomar conta da saúde e aparência, pois dependerão disso até para o mercado de trabalho. Isso tudo tem dois detalhes para não ultrapassarem os limites: perderem a masculinidade, tornando-se narcisistas ou femininos, além permanecerem atentos a algo mais profundo emocionalmente do que só a beleza externa, isto é, sentimentos e emoções verdadeiras.
Heloísa Noronha: Se veio mesmo pra ficar, é um comportamento disseminado entre homens de classe média/alta de uma determinada idade, e de metrópoles (de onde o nome veio), ou vai se estender, a longo prazo, para outras esferas? Como explicar o metrossexual, por exemplo, para um típico machão da sociedade mineira?
Luiz Cuschnir: O metrossexual inicialmente associado ao homem cheio de compromissos da metrópole, acaba instalando uma maneira de ser e se comportar que invade progressivamene e adaptado a outras camadas sociais de acordo com suas possibilidades econômicas, culturais e sociais. Mesmo sendo de um homem com conceitos tradicionais e formais, com as necessidades do mercdo de trabalho, inicialmente e posteriormente, atingindo as esferas afeivas e familiares, vai absorvendo informações e tem que responder a demanda para não ser deslocado. Como relato neste último livro “Os Bastidores do Amor” – As buscas e os sentimentos que invadem os nossos relacionamentos e como lidar com eles – Ed. Alegro, trago as situações que muitas vezes interferem na essência de cada um, até afastando-se de aspectos muito inerentes a cada um. Por um relacionamento amoroso pode-se modificar muita coisa, até o machismo arraigado.
Heloísa Noronha: Pode-se dizer que o metrossexual veio para banir o pitboy?
Luiz Cuschnir: Não vejo esta relação direta, já que eles vem de ambientes opostos, assim como com características de estilos de vida distintos. Este conceito metrossexual está mais vinculado a uma socialização, diversificando e se expondo a relções sociais, o que não indica o pitboy, mais avesso a ambientes sociais, e muito menso profissionais.
Heloísa Noronha: Pode-se dizer que alguns metrossexuais são homossexuais enrustidos?
Luiz Cuschnir: Essa confusão ocorre por similaridade de fonia, com o sufixo sexual incluído. Como é um termo ainda não popularizado, a primeira associação mais conhecida vem a mente, e aí aparece a confusão. O prefixo metro, também leva a alguma confusão, e não é associado diretamente à metrópole, cidade grande.
Os próprios conceitos, nem sempre só exagerados, de valorização da beleza, criam a ponte com um homem futil. Perde então o parâmetro da masculinidade, ficam na superficialidade, e podem ser vistos como somente ligados na possibilidade de atraírem por esta via, o que não necessariamente ocorre só com homossexuais. Os heterossexuais também querem ser atraentes, só que para pessoas do gênero oposto.
Heloísa Noronha: A mulher atual está preparada ou perdida diante dessa tendência?
Luiz Cuschnir: Só estará perdida se não consegue dividir com esse novo conceito de ser homem, onde ele também estará imerso a uma série de atitudes de cuidado e preservação da sua pessoalidade. Deve saber diferenciar claramente os preconceitos que ela tem dentro de si mesma quanto a um homem atualizado, que está mais conectado a conceitos de respeito próprio e autoestima dele.