Brutamontes

Artigo Inédito – Luiz Cuschnir

Quando escrevi o meu primeiro livro (“Masculino, como ele se vê/Feminina, como o homem vê a mulher” ed. Saraiva) iniciei com um conto sobre esta polarização. Era ainda o final da década de 80 e os homens ainda nem sonhavam em se mobilizar para atender as reivindicações delas. Este conto tratava de um homem e uma mulher que queriam estacionar seus carros em uma vaga que daria somente para um. Ele chamando-a de histérica e ela chamando-o de “não cavalheiro”. Resumindo a mulher que espera um cavalheiro, ou um homem que espera uma dama, estariam associando ao gênero aspectos como carruagens, cocheiro, direitos exclusivos de liberdade ao homem etc. Enfim anacrônicos, mesmo naquela década que escrevi.

Com certeza hoje, com toda a evolução social da relação entre eles, da transformação de conceitos de família, vida profissional, situação econômica da sociedade, indicam que não se podem esperar os mesmos comportamentos a que estas palavras, cavalheiro e dama, estariam representando.

O termo brutamontes, que se refere tanto ao aspecto físico desenvolvido, mesmo que disforme, mas agrega a atitude social também, traz um conceito do masculino que ainda é valorizado, como um corpo que representa a força. E a mulher se sente segura com um homem forte, ou pelo menos que se pareça com alguém que vai protegê-la. Isso é claro não agrega o valor de violência necessariamente, mas esta se associa com certa dose de atividade, pró-atividade, criação, expressão. Então o conceito de brutamontes traz a falta de estruturação de atitudes, de educação, mas pode vir junto com força.

Com a educação já expandida para os dois gêneros, a formação intelectual e profissional desenvolvida pela e para a mulher também, o refinamento intelectual ampliou o comportamental, do dandi, do cortês, ou até da força muscular incondicional para a identificação do masculino no homem.

Dentre todos tipos, tivemos também na década de 90 o yuppie, que foi precursor.

Todo este movimento relacionado ao comportamento masculino, que denominei de “Masculismo”, só apareceu aqui no Brasil na primeira metade da década de 90. Ele veio a reboque de um feminismo visto preconceituosamente como uma revolta de mulheres masculinizadas e agressivas, que também iniciou mais fortemente aqui no final década de 60. Elas provocaram, questionaram, e eles depois acabaram se manifestando, mudando suas atitudes.

Falo muito disso no livro “Homens e suas máscaras – A revolução silenciosa” Ed. Campus.

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