Universal Produções, maio/2011
Pergunta: É possível estar solteira e ainda assim ser feliz?
Luiz Cuschnir: Lógico que sim. Se ela escolheu estar sozinha, colocou essa solteirice como um rumo para as suas coisas, não há nenhum problema nisso. Experimentar relacionamentos, tentativas dele para achar o que gosta ou não, pode ser um tempo para justamente se desenvolver e analisar o que é melhor e verificar o que teve no passado.
Pergunta: É verdade que as mulheres têm mais medo de ficarem sozinhas do que os homens? De onde vem esse medo?
Luiz Cuschnir: Esse medo vem basicamente da criação que ainda busca colocar conceitos que vem de tempos atrás. A mulher vai se casar, ter filhos, cuidar do marido e das crianças. Veja bem, até hoje vende-se, com sucesso aliás, a pequena cozinha ou as bonecas bebês ou a brincadeira de casinha para as meninas. Elas vão nisso, se espelhar em suas mães e assumir que o papel delas como mulher é aquele. O medo de ficar sozinha pode estar ligado ao medo de não cumprir esse papel feminino.
Pergunta: Nesses momentos de “solteirice”, o que deve ser feito para que seja um momento proveitoso?
Luiz Cuschnir: Cursos, viagens, festas, aumentar relacionamentos etc.
Pergunta: Essa fase é propícia para se dedicar mais aos estudos, profissionalização, etc?
Luiz Cuschnir: Se esse for o objetivo da pessoa, sim. Se quer essa fase para se analisar como mulher, sem precisar estudar ou profissionalizar-se, serão opções interessantes para aproveitar esta fase. Ou se precisa desse tempo justamente para alavancar seu lado profissional, é importante que ela sempre deixe um espaço para se surgir alguém, ela enchergar sem se afogar na carreira. O importante é ela estar bem consigo mesma, e certa de que aquele momento é o ideal para estar “fora do mercado”. E é bom lembrar que essa condição de solteira vai exigir dela que tenha muita segurança e firmeza para lidar com situações que suas avós (e em muitos casos, suas mães) jamais cogitaram a possibilidade de experimentar.
Pergunta: A sociedade também tem uma visão diferente sobre o homem solteiro e a mulher solteira?
Luiz Cuschnir: Homem solteiro tem sempre o risco de ser visto como homossexual, principalmente pelas mulheres. Já com elas, não há confusão nesse sentido.Quem está solteiro, seja por opção ou por ainda não ter encontrado a pessoa certa, sofre de certa forma uma pressão por parte de parentes e amigos.
Pergunta: De que forma a pessoa deve reagir para que essa pressão não se torne negativa para ela?
Luiz Cuschnir: Não cedendo a elas. A pressão pode acontecer justamente por causa do papel que lhe foi imposto pela sociedade. Quando a pessoa está solteira por decisão própria, o seu posicionamento fica mais tranqüilo e consegue enfrentar com mais segurança. Se a pessoa está solteira por alguma razão desconhecida, seja trauma, azar ou falta de oportunidade, ceder à pressão só vai fazer com que se sinta mais incomodada e mais inábil em sair da situação. Isso seguramente vai levar a baixo auto-estima ou a relacionamentos pífios e inadequados.
Pergunta: Qual é o perfil da mulher solteira de hoje?
Luiz Cuschnir: A mulher conquistou o direito de buscar a independência profissional e financeira e isso faz com que seus planos de levar uma vida casada ou amasiada, sejam postergados, mas não dá para se dizer que há um perfil para a mulher solteira. Algumas se encontram assim por alguma disfunção social ou psicológica, causada provavelmente por algum trauma ou dor no passado. Existem aquelas que querem se proteger dos homens e não dão a chance, não saem de casa e só convivem com a família. Outras que só se dão com homens “blindados”, ou seja, quanto mais esquisito, melhor. Também tem mulheres que, por um motivo ou outro, vão ser tão seletivas que acabam com um círculo muito restrito de opções.
Pergunta: O que fazer para não entrar em depressão ou tristeza? (no caso de mulheres solteiras, mas não por opção)
Luiz Cuschnir: A psicoterapia lida com a sua ampliação como mulher, com seu feminino e a chance de se rever, provavelmente encontra as possibilidades de transformação. É importante que a depressão seja avaliada por m profissional, que pode medicar se for psiquiatra ou só realizar o trabalho psicoterapêutico, assim podendo ser psiquiatra ou psicólogo. Nos trabalhos que faço relacionados com o gênero feminino (Gender Group), é comum termos esse tema e a ampliação da consciência é extremamente útil como prevenção e tratamento nesses casos.