Folha de São Paulo – setembro 2006
Contratar um detetive particular para investigar o próprio filho é, para terapeutas e psicólogos, o primeiro sinal de que as famílias não sabem conversar e têm problemas de relacionamento.
Em boa parte dos casos, um diálogo franco, baseado na confiança entre pais e filhos, seria suficiente para descobrir se um jovem está ou não usando drogas. Mas nem sempre é assim.
O psicoterapeuta Luiz Cuschnir, no entanto, afirma que se o contato com os filhos não permite que os pais tenham informações suficientes sobre suas atividades e atitudes, contratar um investigador pode ser um dos recursos para se ter esses dados.
“Mas as informações dos detetives devem servir só para orientá-los e para que possam saber como lidar com o fato real, sem utilizá-las simplesmente para desmascarar o filho”, diz.
O problema maior, quando se coloca um detetive para seguir o filho, está no momento em que o adolescente descobre que foi investigado.
Cuschnir faz um alerta: nem sempre é indicado que os pais contem sobre a investigação.
“O importante é que a informação seja usada para traçar um plano de ação terapêutica imediata. Não para acusar o jovem.”
O psicólogo Saadeh acha que os filhos não perdem a confiança nos pais por um motivo simples:
“Quando um pai contrata um detetive, essa confiança não existe e, portanto, não pode ser perdida”.