Separação

Entrevista concedida à Revista NOVA

Quando se está apaixonado, ou um envolvimento amoroso mais simples, tem-se a impressão de que iremos ficar com a pessoa para o resto da vida. Imagina-se o casamento, a casa, os filhos, os planos profissionais, e para os mais detalhistas até mesmo a raça do cachorro, a cor das paredes da casa, passeios que irão fazer juntos.

Porém, tempos depois, quando o casamento ou o namoro não dá certo, não se separa apenas da pessoa que está com você, mas também de todos sonhos e expectativas criadas a partir deste relacionamento.

Perdem-se os filhos, a casa, as viagens de férias e etc… por mais imaginários e irreais que pareçam, esses sonhos faziam parte de você. Tem-se a impressão de que o futuro se foi junto com o relacionamento. É engraçado, o passado e o futuro se mesclam e vão embora junto com o que acabou: a relação.

O nosso psiquismo entende isto como uma morte, uma morte simbólica, e como toda a grande perda exige um período de luto. Este período varia de pessoa para pessoa, mas é necessário que aconteça para que se possa levar a vida a diante. É uma época de recolhimento, tristeza e pesares, onde esta morte simbólica vai ser incorporada e principalmente aceita. É preciso passar pelo tempo.

Mas quanto tempo é isso? Como é a melhor maneira de se passar por isso?

Para que isto aconteça de forma natural, é preciso que a pessoa entenda o que ela perdeu. Saber o que lhe faz falta realmente e o que ela pôde aprender com esse relacionamento. É um entendimento muito mais emocional do que racional. Para isso é necessário ser sincero consigo mesmo, e deixar o fluxo de energia vital fluir naturalmente. Não adianta ficar a toda hora direcionando-o para a pessoa que já se foi. Assim como você encontrou este amor, fazendo uma opção pela vida, ela te levará a novas possibilidades de encontro.

A sua vida e nem o amor se foram com a pessoa amada. Existem dentro de cada um e nós temos a capacidade de direcioná-lo. Não para alguém, pois não se escolhe quem será o próximo grande amor. Mas para a vida.

Como disse Drumond, “nós somos o amor”. Os únicos seres da Terra com essa capacidade. Desperdiçá-la porque as expectativas egoístas não foram atendidas, ou mesmo por medo de sofrer é um sinal de que não se amou de verdade. É necessário se dar outra chance para poder experimentar este sentimento tão nobre e prazeroso, recuperar a própria dignidade e poder aperfeiçoá-lo a cada novo encontro.

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