Perda de desejo sexual

Entrevista concedida para UOL Mulher – julho/2013

Pergunta: Quais são as causas mais comuns da perda do desejo das mulheres?

Luiz Cuschnir: Mulheres mais reprimidas, que têm a dificuldade de se soltar numa relação sexual, tenderão a ter mais esse sintoma. Ele pode estar associado com a Dispareunia (dor no ato sexual) e outros quadros que afetam a possibilidade de sentirem a satisfação em virtude de incômodos nessa hora. Com o tempo a mulher vai evitando as relações e assume uma rotina de vida onde não inclui a atividade sexual na sua vida. Quadros psiquiátricos como fobias e depressões podem também afetar, assim como as medicações para esses tratamentos. Antidepressivos e outras medicações podem ser responsáveis por isso. Também situações traumáticas psicológicas como abusos e estupros podem desenvolver esses quadros. Desequilíbrio hormonal, como quando ocorrem nas fases puerperais (pós parto), são bastante freqüentes. Hoje em dia o estresse de uma vida muito agitada também levam freq&uulm;entemente a essa perda da libido.

Pergunta: E quais são as causas mais comuns para os homens?

Luiz Cuschnir: Homens têm esses quadros com muita freq&uulm;ência nas relações afetivas que seguem por muito tempo sem estímulos apropriados para deixá-los interessados na mulher que têm, que se transformou em alguém que não propicia a conquista. Eles precisam sentir que há algo novo, que não é uma repetição do que conhecem há tempos. Da mesma forma, se desinteressam se não percebem uma mulher que os valorize na cama. Têm que se sentir desejados. Os quadros psiquiátricos também aparecem aqui assim como os tratamentos que interferem diretamente e muito comumente na libido. Particularmente os homens têm a incidência alta das cirurgias de próstata que podem causar danos severos atingindo essa situação de uma maneira até irreversível. É muito comum homens perderem a libido totalmente em relação a uma mulher, que nem se relaciona a não a amar mais a parceira, mas somente a perda do interesse nela especificamente. Quando têm relações com outras, podem se descobrir numa excitação e atividade bem intensa. Vários preconceitos podem também aflorar, assim como rejeição ao que encontram na vida íntima com uma determinada mulher. Homens guardam o que desaprovam e aos poucos perdem a atração pela companheira.

Pergunta: Quando a perda de desejo deve passar a ser preocupante?

Luiz Cuschnir: Principalmente quando o números de relações se espaça. O envolvimento afetivo perde a característica de homem-mulher, e se instala a relação de amigos, deserotizando o relacionamento. A vida sexual precisa ser constantemente ativada. É muito fácil penetrar um tema ou situação que toma conta da relação e desvia o viés erótico. Às vezes esse desvio é irrecuperável e mesmo que a situação que atravessou a relação já tenha terminado, não conseguem mais retomar o ritmo e o interesse que tinham.

Pergunta: Há caminhos para a recuperação do desejo sexual? Quais são?

Luiz Cuschnir: É quase uma mágica pois precisa recuperar um status que nem sempre ocorrerá. É um status de interesse mútuo, uma afinação somada à descoberta, onde o jogo de sedução permaneça o tempo todo e ao mesmo tempo a harmonia do que cada um precisa para se excitar com o outro. O que um faz pode ser exatamente o oposto do que o outro se sente atraído. Problemas da vida não podem invadir esse momento e espaço, o que é extremamente difícil pois cada uma está conectado com outras tantas coisas e ao mesmo tempo tem vivências negativas com esse(a) parceiro(a) que precisam ser esquecidas. Com falei, experiências anteriores somadas às atuais, precisam ser muito bem resolvidas. Na psicoterapia, meus pacientes trazem temas muito difíceis de lidar e muitas vezes levam muito tempo para se abrirem sobre o que os incomoda, seja no presente como no passado. Só um trabalho psicológico mais amplo e profundo consegue atingir esses temas, não adianta nada mecânico nem esteriotipado.

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