Entrevista concedida à revista Veja
Anna Paula: Por que o senhor acha que os homens estão descobrindo a própria vaidade? É um fenômeno novo?
Luiz Cuschnir: Não dá para se dizer que estão descobrindo a própria vaidade mas estão se sentindo mais permitidos de vivenciá-la e expô-la para o mundo. A vaidade masculina estava encoberta pelo sucesso profissional e econômico, quando não escondida atrás da mulher com quem estavam ou tinham relacionamento afetivo. Era como se fossem distintivos para o mundo, emblemas para que fossem elogiados e se sentirem malhores e mais bem aceitos. Muitos também se permitiam utilizar a força física como demonstração da vaidade pessoal. Como relato na personagem do meu último livro “A relação Mulher & Homem – uma história de encontros e diferenças” (Ed. Campus), esta mulher viveu durante muito tempo com o seu padrão de beleza exposto e supervalorizado. Há sim uma tendência a homens querem ser reconhecidos também pela sua aparência física.
Anna Paula: Pelo que se nota, isso não é uma exigência feminina. é um desejo legítimo dos homens. O senhor concorda com isso?
Luiz Cuschnir: Não acredito que provenha de uma exigência feminina mas sim de todo um contexto social. Há estudos que comprovam que os homens ganham salários maiores tem melhor aparência, melhor apresentação pessoal inclusive no se vestir, melhor forma física e principalmente não obesos e mais dedicados a manutenção da saúde e estética. Homens que não tem distorções obssessivas em relação a esses quesitos estão apresentando qualidades apreciadas pelo ambiente profissional. Como para o homem, ainda o sucesso profissional se mistura com o fortalecimento da identidade masculina, eles buscam também esse caminho.
Anna Paula: A sensibilidade gay, que hoje dita o mundo da moda, da beleza e da cultura do corpo, estaria por trás dessa tendência?
Luiz Cuschnir: Não tenho nenhum dado nem experiência que confirme isso.