Olhos nos olhos

Site Abílio Diniz – Mariana Uchôa – janeiro/2013

Muitas vezes escutamos a frase: “os olhos são a janela da alma”. Mas você sabe o significado dessa expressão? De acordo com o psicólogo, idealizador e coordenador do Gender Group do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Luiz Cuschnir, o olhar abre um atalho para a comunicação, sem necessidade de outro recurso ou órgão sensorial. E dessa forma, é possível acessar algo mais profundo dentro das pessoas. “O olhar pode até contar com um complemento, como uma mímica facial ou uma postura corporal, mas, geralmente, ele é capaz de mostrar de maneira única o que a pessoa é, sente ou deseja naquele determinado momento”, explica o psicólogo.

De acordo com o especialista, é a partir dos olhos que os apaixonados se aproximam, que as empatias aparecem e, muitas vezes, as palavras são deixadas de lado. E, assim como a fala ou qualquer outro meio de comunicação, ele pode ser utilizado de maneira específica dependendo do quanto e como as pessoas se conhecem. “Quanto mais íntimos forem, mais as pessoas terão facilidade de usá-lo”, afirma.

Ainda pensando nos ditos populares, quem nunca ouviu a frase “Um olhar vale mais que mil palavras.” Será? Segundo Cuschnir, esse olhar só valerá mesmo se tiver a dimensão que a pessoa precisa para transmitir a sua mensagem. “Se houver a possibilidade dele ser captado e interpretado pelo interlocutor passando o recado esperado, ele estará cumprindo o seu papel, extremamente valioso.”

Porém, mesmo com todo o poder de comunicação oferecido pelos olhos, Cuschnir lembra que não podemos julgar uma pessoa apenas pelo olhar. “O risco de tirarmos conclusões precipitadas é grande”, alerta.

O especialista conta que muitas vezes no Gender Group, quando propõe aos voluntários se olharem para depois relatarem suas impressões uns sobre os outros, eles dão respostas completamente diferentes para a mesma pessoa. Isso acontece, pois ao fazermos qualquer avaliação, usamos como referencial relacionamentos anteriores. “Costumamos projetar o que temos de experiências vividas para tirar conclusões. Mesmo que o olhar seja muito rico em informações, às vezes ele não indica a verdadeira índole de alguém”, finaliza.

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