O psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir afirma que as mulheres têm dificuldade de entender que os homens são diferentes delas. Com mais de 40 anos de experiência, ele é autor de livros como “Por Dentro da Cabeça dos Homens” (Ed. Academia Planeta).
AT2: As mulheres enxergam os homens de forma equivocada?
LUIZ CUSCHNIR: O equívoco se dá quando elas querem ver o homem que as atenda em suas necessidades e com seus valores e não como eles são, simplesmente por serem homens, diferentes delas. Gostariam que os homens tivessem a sensibilidade e a visão de mundo que elas possuem e isso pode chegar até a revoltá-las.
AT2: Elas estão em crise por acreditarem que não se encaixam no ideal masculino?
LUIZ CUSCHNIR:O ideal masculino, muitas vezes, é bem controverso. Eles querem mulheres femininas e delicadas mas, ao mesmo tempo, que sejam fortes e batalhadoras para não se escorarem neles. Exigem os atributos de uma mulher bem-cuidada, demandando um investimento de energia que, muitas vezes, elas não têm justamente por estarem envolvidas em atividades que as consomem. Assim, têm menos disponibilidade para eles.
AT2: E o discurso de que eles não foram educados para conviverem com a mulher moderna?
Há uma dependência afetiva do homem, que espera uma mulher companheira e disponível para acompanhá-lo. Com tantas solicitações, ela não consegue ocupar esse papel e ele sente que perdeu o apoio afetivo. O homem, então, cria defesas para lidar com isso, às vezes, pouco adequadas, se afastando dela afetivamente, inclusive, para não ser rotulado de um machista que a impediria de buscar o seu sucesso.
AT2: O que dizer das mulheres que adiam os planos de casamento e de filhos para se dedicarem à carreira?
LUIZ CUSCHNIR: Pois é, vejo também muitos homens que têm esse ideal de construir
uma família, ter filhos, que se frustram e rejeitam essa atitude delas. Por outro lado, as mulheres têm que se proteger, pois num momento eles podem querer que elas bloqueiem essa dedicação para, em seguida, desvalorizá-las por serem dependentes deles economicamente.
AT2: Como resolver o dilema independência X amor?
Conciliar é uma arte, mesmo que nem sempre consigam fazê-lo sem sofrimento. Uma mulher que exerce suas atividades utilizando sensibilidade, intuição, autopreservação e outros tantos atributos que a conserva fiel a si mesma, não fica vulnerável e se assegura no que é importante para ela. A independência pode existir com o relacionamento. É quando ela confia em si ao ponto de construir uma relação sem entregar totalmente ao homem sua razão de ser.
AT2: O que eles querem das mulheres?
LUIZ CUSCHNIR: Tê-las por perto sem serem sufocados.
AT2: E elas?
LUIZ CUSCHNIR: A segurança de que não serão trocadas por outra e que tenham acesso ao universo emocional íntimo.