Para o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, homens são sensíveis da maneira deles, mas a pressão feminina é grande
De um lado, elas querem carinho e atenção em momentos difíceis de suas vidas. Do outro lado, eles não entendem as necessidades delas, ou não conseguem oferecer o que elas precisam de fato.
Esse conflito de interesses pode estar por trás da imagem negativa que as mulheres têm dos homens, e que ficou evidenciada na pesquisa “Homem Homem” , explicou o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir. O especialista, que é autor do livro “Por Dentro da Cabeça Dos Homens” (ed. Planeta Brasil), falou mais sobre o tema em entrevista ao AT2.
AT2: Acha que as mulheres têm uma imagem masculina mais negativa do que positiva?
LUIZ CUSCHNIR: Muitas mulheres têm a expectativa de receber dos homens o que eles não têm para oferecer. Quando não conseguem compreender isso, passam a criticá-los, diretamente ou indiretamente. Outras são tratadas com desconsideração por eles, em algum momento, que acabam mesmo tendo essa imagem negativa deles.
AT2: Acha que as mulheres mudaram de atitude ao longo dos anos, e não estão satisfeitas com o homem atual?
LUIZ CUSCHNIR: As mulheres, com certeza, mudaram muito nas últimas décadas, conquistando um papel muito maior na sociedade, e passando a exigir dos homens o respeito devido. Elas esperam mudanças. Mas muitas vezes as respostas deles são mais superficiais. Eles podem atendê-las, mas sem todo o envolvimento que elas esperam.
AT2: Os homens não são sensíveis às demandas das mulheres ou não observam as necessidades femininas do dia a dia?
LUIZ CUSCHNIR: A sociedade tem exigido atitudes que não estão verdadeiramente no seu repertório de necessidades. São coisas do referencial feminino. Há uma pressão de se colocar o homem sob um ponto de vista feminino. A sensibilidade medida em geral é de uma visão feminina, e não masculina ou dos dois gêneros. Mas eles são sensíveis da maneira deles.
AT2: Acha que alguns valores, como cortesia e atenção, foram suprimidos do dia a dia masculino?
LUIZ CUSCHNIR: Acredito que essa mudança tem a ver com aspectos da vida moderna. Alguns valores não coincidem com o que homens e mulheres estão buscando para si. Eles estão na mesma faixa de competição que elas, mas, hoje em dia, se eles mantiverem o mesmo trajeto que usavam antigamente, provavelmente não conseguirão chegar aonde esperam. Isso vale também para as expectativas que elas têm sobre eles. Os homens continuam sendo exigidos para vencer profissionalmente, inclusive por elas. Isso contamina várias atitudes do dia a dia, até mesmo a forma como se estabelece a relação afetiva e íntima.