A Tribuna Digital por José Luiz Araujo
A beleza do corpo feminino já foi tema das mais variadas formas de expressão, da artística à filosófica, passando pela medicina estética. Que tal, agora, saber um pouco mais sobre a mulher e compreendê-la melhor, sem ter que tatear no escuro? É o que oferece o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, em seu livro “A Mulher e seus Segredos — Desvendando o Mapa da Alma Feminina”, lançado pela Larousse do Brasil.
Paulistano que criou algumas raízes em Santos, onde estudou Medicina, Cuschnir relata a experiência vivenciada no consultório e como coordenador do Gender Group, ligado ao Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. O resultado são revelações (algumas inéditas) sobre a alma feminina, considerada indecifrável por muitos homens.
Para escrever, o autor colocou em foco a mulher contemporânea, examinando-a com uma lente de aumento, na tentativa de descobrir seu comportamento, suas motivações, desejos e decepções.
“É um estudo científico, baseado em escalas e questionários específicos, primeiro de forma quantitativa e, depois, qualitativa”, afirma Luiz Cuschnir.
O livro mostra os aspectos fortes e frágeis da mulher. Indica como ela pode se conhecer melhor e como deve atuar para ser mais feliz em seus relacionamentos, tanto familiares quanto amorosos.
“A Mulher e seus Segredos — Desvendando o Mapa da Alma Feminina” começa com a história pessoal do autor e de sua vivência com as mulheres da família. Passa por suas primeiras relações afetivas e pela primeira paciente.
A Tribuna: O senhor fala em rigor científico. Por que a preocupação?
Luiz Cuschnir: Porque, diariamente, a gente vê diversas pessoas falando sobre os mais variados assuntos, principalmente na tevê. Todos têm uma opinião sobre a mulher. Alguns apresentadores de programas se acham especialistas, e assim os famosos são usados como referência. O meu livro é um estudo sério, baseado na ciência.
A Tribuna: O comportamento da mulher contemporânea ainda é influenciado por mitos?
Luiz Cuschnir: Três mitos ainda fazem parte do universo feminino: a maternidade e tudo que é relacionado a ela; o casamento do tipo até que a morte nos separe; e a busca pelo amor eterno, perfeito, aquele que preenche, completa. Eles são vividos intensamente ou de modo camuflado, aparente, e geralmente baseados em situações pouco concretas. Os mitos não podem virar parâmetros, pois quando isso acontece geram infelicidade.
A Tribuna: O que ainda não sabemos sobre as mulheres?
Luiz Cuschnir: O que poucos, bem poucos sabem, é o que Chico Buarque expressou maravilhosamente na canção Teresinha (ver abaixo), na qual diz que o que ela mais quer é ser chamada de mulher. Não adianta ter sucesso profissional, independência financeira, ser o máximo na família, ótima esposa, atraente pela aparência física… O que lhe falta é esse reconhecimento por parte do homem, da sociedade e até mesmo das outras mulheres.
A Tribuna: A mulher já conquistou diversos espaços. Ela ainda sofre com a comparação com o homem?
Luiz Cuschnir: Ainda há o embate homem X mulher, uma cobrança da sociedade. Mas esse confronto não leva a nada, não é benéfico para nenhuma das partes. Comparação gera competição, no entanto homem e mulher devem caminhar lado a lado.
A Tribuna: Como a mulher contemporânea se vê?
Luiz Cuschnir: A mulher ainda vê sua capacidade ser constantemente colocada à prova. Acha necessário ser nota dez em tudo, e quando obtém sucesso profissional preocupa-se em demonstrar que não foi somente por sua condição de mulher.
A Tribuna: E como ela quer ser vista?
Luiz Cuschnir: Ela quer ser vista como uma mulher, apenas; não como uma supermulher.
A Tribuna: Com que olhar a mulher deve ler seu livro?
Luiz Cuschnir: Ela deve procurar a si mesma e, ao mesmo tempo, identificar outras mulheres, pois não é a única a passar por tudo isso. Deve também, aos poucos, se aprofundar no livro. Como num mapa, no início identificará os continentes; depois, conforme for avançando nas páginas, achará países, estados, cidades e ruas, até encontrar sua casa, ela mesma, sua alma.
A Tribuna: Certamente os homens ficarão curiosos. É uma boa leitura também para eles?
Luiz Cuschnir: Para um homem que estiver disposto a aprender sobre as mulheres, o livro oferece alguns caminhos que podem ajudá-lo a encontrar a melhor companheira e a ser feliz ao lado dela.
Teresinha
O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada, que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e, assustada, eu disse não.
O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente, tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta, me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada, que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não
O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada, também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração
Chico Buarque de Hollanda