Homens sem Máscaras

Entrevista concedida à revista IstoÉ sobre o livro “Homem Sem Máscaras”

Rogerio Schlegel: O Sr. sustenta que as mulheres pouco escutam os homens. Trata-se de uma constatação sua, com base nos grupos de gênero e em seu trabalho terapêutico, ou isso é relativamente consensual na literatura sobre gêneros?

Luiz Cuschnir: Pudemos constatar por dinâmicas dentro de grupos, além de vários relatos acompanhando pacientes onde fica evidente esta colocação. Homens tendem a repetir mais exatamente colocações delas, e por sua vez mulheres tendem a “interpretar”, traduzir (muitas vezes erroneamente) o que eles falaram. Já por sua vez, elas conseguem se expressar com mais elementos, mais associações verbais do que eles.

Rogerio Schlegel: Até aqui não encontrei referência direta sobre esse ponto, então coloco a pergunta diretamente: as mudanças no homem têm ocorrido predominantemente no indivíduo (que muda suas crenças e atitudes ao longo do tempo) ou aparecem de uma geração para outra (ou seja, o indivíduo pouco muda, quem muda é seu “sucessor”)?

Luiz Cuschnir: Acredito que mesmo ao longo do tempo, as mudanças já vão ocorrendo na vida. É claro que os homens se espelham nos pais que são a geração anterior, com quem eles convivem e aprendem muito. Mas mesmo ao longo das décadas de vida, com as influências no convívio mais íntimo com a mulher, no desenvolvimento da educação forma e não formal, ele via se modificando. Também as experiências em cada etapa, os traumas emocionais vão servir para esta modificação.

Rogerio Schlegel: O sr. explica que “os papéis de gênero carecem de uma reconsideração para fornecer parâmetros mais claros”, principalmente para os homens (pág. 28 de Homens sem máscaras). é possível especular sobre qual o horizonte de tempo necessário para novos paradigmas decantarem?

Luiz Cuschnir: Precisar estas coisas seria temerário e muito pouco científico. A cultura é altamente volátil, vulnerável e em consonância com uma série de movimentações político-sociais que podem inflenciar seus rumos. A ampliação desses paradígmas é constatável e confirmada por quais avalições que observamos nos diversos ambientes tanto dentro como fora das psicoterapias.

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