Entrevista concedida à Revista Criativa
Criativa: O que as meninas mais novas têm que atrai os homens mais velhos? Corpo? Jovialidade? Uma certa dose de irresponsabilidade? A relação de proteção, o papel de filha?
Luiz Cuschnir: Pode ser tudo isso. O corpo estéticamente é claro que trás um estímulo visual que pode passar para o afetivo e sexual. A jovialidade leva ao divertimento. A irresponsabilidade ajuda o homem a largar as máscaras que tanto teve que desenvolver pela vida. A sensação de ser o protetor, um lado do pai, do mais maduro, do professor que tem alguém que o respeita, o escuta e o atende também é um fator de atração para o homem mais velho.
Criativa: Há os homens que só gostam de meninas mais novas e os que em um determinado momento da vida trocam a esposa mais velha pela menina. Quais as diferenças? O que atrai cada um deles? O que muda neles?
Luiz Cuschnir: Para se dizer que algum só gosta das mais novas, precisa-se verificar se isto é mesmo uma atração ou já chega a uma obsseção. Esta pode camuflar ou revelar um quadro mais complicado do ponto de vista psicológico ou até psiquiátrico. Já o que deixa a mulher mais velha por uma muito mais nova tem a ver com uma mudança, uma libertação de um relacionamento desgastado. é claro que pode ser um ato impulsivo, sem muita elaboração e um risco de ser algo que vai terminar rápidamente, ou vai insatisfazê-lo mais adiante. Outro aspecto que também pode estar presente é o desgaste de um relacionamento que o insatisfaz, ao ponto dele querer recuperar uma auto estima maior e se satisfazer com uma companhia como se fosse retornar no tempo, e sentir-se como era mais jovem.
Criativa: Nem todos os homens mais velhos gostam das meninas mais novas. Imagino que a maioria simplesmente nem tenha paciência para elas.. Qual a diferença? Que características esses homens têm que podem levar a essa atração? é medo de envelhecer? é imaturidade?
Luiz Cuschnir: Fica muito superficial falar-se de “medo de envelhecer” ou “imaturidade”. é como necessitar desvalorizar algo que está dentro de todos que não desejam realmente envelhecer, ou que não apresentam nenhum aspecto que possa aparecer que tenha algo de imaturidade. Todos têm dentro de si esses aspectos que fazem parte dos desejos, fantasias, receios e necessidades. Não é previlégio dos que têm atração nessas condições. Estes especialmente que se atraem pela mais novas, encontram aí um estímulo para resgatar algo que foi muito bom quando mais jovens e que não é mais agora. Também podem estar muito frustrados com o que têm, e querem retornar a possibilidade de escolherem algo que possa os satisfazer. Outro aspecto é o homem se sentir mais forte, mais capaz de fazer uma conquista que não conseguia quando mais jovem, seja por ter sido mais inseguro, ou ter mais medo, ou até não ter outras condições que nesta fase da sua vida têm.
Criativa: Quando as meninas envelhecem, perdem o encanto? O o que passa a pesar é a diferença de idade?
Luiz Cuschnir: Chega uma idade que o homem sossega e já não busca tanto esse estímulo de renovação, mas um envolvimento mais próximo, que compense mais a carência que tem. As meninas que envelhecem, acompanham o mesmo envelhecimento deles. Se eles têm uma fixação em mais novas, quando elas envelhecem, já podemos pensar em um desvio, que se mostra com essa busca constante por outra e assim por diante. Esse desvio muitas vezes aparece como um sintoma compulsivo, que revela um aspecto psicológico patológico.
Criativa: Essas relações duram? O que precisa, da parte dos dois, para durar?
Luiz Cuschnir: é muito difícil que persista essa atração na medida que os dois vão caminhando para uma sequência na vida. Mais velho, ele vai perder coisas e ganhar outras. Da mesma forma ela. As inseguranças pdem contaminar o relacionamento que implicará em frustrações, e alguém ou os dois se machucará. Isso pode ser o caminho do rompimento. Para durar muitas vezes necessitaria que um dos dois abdicasse totalmente ao momento de uma determinada fase de vida. Isso implicaria em uma repressão importante que também poderia indicar alguma patologia de um ou dos dois, mas existe essa possibilidade.
Criativa: Você já atendeu homens que se relacionaram com meninas novas? Quais as satisfações e quais as queixas mais comuns?
Luiz Cuschnir: As satisfações são em geral a recuperação dos momentos de alegria, de ânimo, de estímulo. Deixam de lado a seriedade e se soltam com alguém menos esteriotipado com as de sua idade. A vida sexual sempre virá como uma renovação de uma potência, em muitos casos esquecida ou reprimida, que aparece com um símbolo de um prazer esquecido lá atrás. Com as queixas justamente se reportam às dificuldades de entrosamento com o meio social e familiar que vivem, aos valores de vida, à cultura que adquiriram ao longo da vida e inclusive aos hábitos sociais tão distintos decorrentes das respectivas idades.
Criativa: Há a culpa por estar “se aproveitando” da menina? Ou algum outro tipo de culpa?
Luiz Cuschnir: Muitas vezes essa culpa some com como as recompensam materialmente. Têm muitas vezes receio de serem passados para trás, serem traídos. Não têm a certeza que vão conseguir manter-se como objeto de interesse ao longo do tempo.
Criativa: Conversei com uma menina de 17 anos que namora um homem de 34 e ela se queixou que muitas vezes ele usa a idade para controlar a relação. Situações do tipo: “eu já vivi isso, já sei, então vai ser assim e pronto”. Por que isso acontece?
Luiz Cuschnir: Porque cada um vê a vida e as oportunidades da sua maneira correspondente a idade que têm. Um admira o que o outro oferece para a relação, mas também se irrita ou em algum momento desgosta dessa diferente maneira de enxergar as coisas. Essa diferença também pode ser um desafio que ambos aproveitam.
Criativa: Há ainda uma diferença entre as meninas mais novas. Há as que são novas e são mais maduras, e há as “lolitas”, que provocam mais, brincam com a culpa do homem… Elas atraem homens diferentes? Uma relação com uma “lolita” pode ser duradoura?
Luiz Cuschnir: As mais maduras desejam alguém que possa acompanhá-las e confirmá-las. As Lolitas vivem uma fantasia de poder seduzir todos, e testar uma mulher que almejam ser. Independente de serem com uma ou outra, a possibilidade de persistirem os relacionamentos, vão depender do quanto conseguirem estar sintônicos com o momento do outro e as características de personalidade também.
Criativa: Do lado das meninas, por que os caras mais velhos? O que atrai?
Luiz Cuschnir: Elas procuram proteção e experiementar o que já aprenderam do desenvolvimento como mulheres.
Criativa: Qual o limite da atração para a pedofilia?
Luiz Cuschnir: Quando se está em uma situação delinqüencial, onde um ou outro utiliza um aspecto de desvio ou patologia do caráter, podemos estar perante a um aspecto de pedofilia. Homens que ultrapassam os valores morais e éticos da sociedade, inclusive em relação aos familiares da jovem, estarão com indicações de serem pedófilos.
Criativa: No filme Menina Bonita, a Brooke Shields tinha apenas 13 anos. Na novela hoje a Lurdinha tem 18 e já causa polêmica. De onde vem essa mudança cultural?
Luiz Cuschnir: O mais importante é a diferença de idade quando se está perante a uma menina ou uma mulher muito mais jovem. A menina pode não ter ainda maturidade aos 13 para escolher seus caminhos. Ela está menos instrumentada para se relacionar com um homem mais maduro. Isso não significa que uma de 18 esteja, mas ela comparativamente já localiza um pouco mais as coisas. O importante é que uma menina, com 13 ou 18 pode ser extremamente sedutora e revelar uma força de atração em um homem que ele terá muita dificuldade de resistir. Ela pode ser também uma delinquente nesse sentido e não necessariamnete é uma vítima dele.
Criativa: Esse assunto volta e meia retorna às artes. Desde o livro Lolita – ou antes? Qual o fetiche que envolve esse tema?
Luiz Cuschnir: Não é fetiche mas um lado sombrio dos relacionamentos entre homem e mulher. No meu último livro “Os Bastidores do Amor – Uma histótia dos seus relacionamentos e como lidar com eles” (ed. Alegro), mostro como as pessoas podem estar envolvidas em crenças onde têm que viver experiências que nem têm a ver como elas e não sabem porque estão tão ligadas em situações que não trazem tantas satisfações.