Crises que Mulheres Modernas vivem

Jornal A Tribuna – Jornalista Roberta Peixoto
Entrevista concedida – 14/07/2014

A Tribuna – Podemos afirmar que as mulheres enxergam os homens de forma equivocada? Comente, por favor.
Luiz Cuschnir – O equívoco se dá quando elas querem ver o homem que as atenda em suas necessidades e com seus valores e não como eles são simplesmente por serem homens, diferentes delas. Gostariam que os homens tivessem a sensibilidade e a visão de mundo que elas tem e isso pode chegar até a revoltá-las. Aconteceu com muitas leitoras do meu livro mais recente “Por Dentro da Cabeça dos Homens” (ed. Academia Planeta). Elas encontram lá nem tudo que gostam e não conseguem aceitar a realidade.

A Tribuna – Na sua opinião, as mulheres de hoje estão em crise por acreditarem que não se encaixam no ideal masculino? Explique.
Luiz Cuschnir – O ideal masculino muitas vezes é bem controverso. Querem mulheres femininas e delicadas mas ao mesmo tempo que sejam fortes e batalhadoras para não se escorarem neles. Exigem os atributos de uma mulher muito bem cuidada que demandam num investimento de energia que muitas vezes elas não têm justamente por estarem envolvidas em suas atividades que muitas vezes as consome. Assim têm menos disponibilidade para ele e que não conseguem atender.

A Tribuna – Quais são as crises da mulher moderna? Podemos listá-las e explicá-las?
Luiz Cuschnir – Ser mãe, dona de casa e ser profissional bem sucedida. Se dedicar aos cuidados físicos e ter hábitos que a prejudicam nesse sentido (passar muito tempo trabalhando, participando de atividades sociais que as desregram etc). Estar a par de todas as inovações e avanços das ciências e poder se dar momentos de relaxamento e abstração, dando espaço para o romantismo, sonhos e fantasias.Limites entre a liberdade total sexual e a necessidade de preservação da intimidade pessoal.

A Tribuna – Há quem acredite que os homens não foram educados para conviver com a mulher moderna (que é independente, investe na carreira, aprende línguas, viaja…). Qual é a sua avaliação a respeito?
Luiz Cuschnir – Há uma dependência afetiva do homem que espera uma mulher companheira e disponível para acompanhá-lo. Com tantas solicitações, ela não consegue ocupar este papel e ele sente que perdeu esse apoio afetivo. Cria defesas para lidar com isso, às vezes pouco adequadas, se afastando dela afetivamente, inclusive para não ser rotulado de machista que a impediria de buscar o seu sucesso.

A Tribuna – Vemos muitas mulheres adiando os planos de casamento e de filhos para se dedicarem primeiramente à carreira e a outras questões pessoais e profissionais. O que o senhor tem a dizer sobre esse posicionamento?
Luiz Cuschnir – Pois é, vejo também muitos homens que têm esse ideal de construir uma família, vide ter filhos, que se frustram e rejeitam essa atitude delas. Por outro lado as mulheres têm que se proteger pois num momento eles podem querem que elas bloqueiem essa dedicação para em um momento seguinte eles as desvalorizarem por serem dependentes deles economicamente.

A Tribuna – Como as mulheres podem resolver o dilema independência x relacionamento? Como conciliar as duas questões sem sofrimento?
Luiz Cuschnir – Conciliar é uma arte, mesmo que nem sempre consigam faze-lo sem sofrimento. Quando escrevi um outro livro “Como Mulheres Poderosas se Tornam Mulheres Conquistadoras”, falo bastante da questão do afastamento do que é essencial a elas para se sentirem inteiras, integradas com o seu feminino. Uma mulher que exerce suas atividades utilizando sua sensibilidade, intuição, autopreservação e outros tantos atributos que a conserva fiel a si mesma, não fica vulnerável e se assegura no que é importante para ela. A independência pode existir concomintantemente ao relacionamento. Quando ela confia em si mesma ao ponto de se entregar e construir uma relação sem entregar totalmente ao homem a sua razão de ser.

A Tribuna – O que os homens querem das mulheres?
Luiz Cuschnir – Tê-las perto sem serem sufocados por elas.

A Tribuna – E o que elas querem dos homens?
Luiz Cuschnir – A segurança de que não serão trocadas por outra e que tenham acesso ao universo emocional íntimo deles.

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