Entrevista concedida ao Diário da Região
Fabiano Ferreira: Vivemos dias de muito estresse, sempre com muitas coisas a fazer e prazos apertados. E algumas pessoas têm a tendência de dar peso maior às situações do que elas realmente teriam. Na sua opinião, o que faz uma pessoa transformar a vida num bicho-de-sete-cabeças?
Luiz Cuschnir: Como desenvolvi no meu último livro “Os Bastidores do Amor” (ed. Elsevier – selo Allegro), as pessoas muitas vezes desenvolvem relacionamentos que as invadem, tornando-se sequestradas por eles. Precisam sentirem-se em um estado de alerta constante, contaminadas por situações anteriores de suas vidas. O mesmo pode ocorrer em função de o que esperam da vida, ou de compromissos que tenham.
Fabiano Ferreira: Simplificar ou complicar nossas ações depende do contexto ou da forma como fomos educados? É possível perceber este comportamento?
Luiz Cuschnir: Os que passaram por momentos muito difíceis, educação muito restritiva ou provocando muita ansiedade podem desenvolver esse comportamento no adulto.
Fabiano Ferreira: É preciso disciplina para simplificar a vida? Que atitudes o senhor considera essencial para levar uma vida mais tranqüila, sem tantas preocupações desncessárias?
Luiz Cuschnir: Uma noção mais clara do que se deseja conquistar depende muito do quanto a pessoa esta em contato com sua própria essência. Nesse livro descrevo bem essa conquisa da própria essência, tanto no homem como na mulher.
Fabiano Ferreira: Jogar coisas fora, doar o que não se usa mais, abandonar vícios e rever nossos apegos podem ser consideradas ações para simplificar a vida?
Luiz Cuschnir: Quanto mais temos que cuidar, mais estamos nos enriquecendo, mas ao mesmo tempo pdemosestar nos desgastando. Desenvolvo nesta última obra os sentimentos e as buscas que invadem os nossos relacionamentos e como lidar com eles.
Fabiano Ferreira: Corremos o risco de, ao simplificar, tornar nosso cotidiano simplista? Ou seja, tornar-se alienado ou deixar que os fatos passem despercebidos por receio de se envolver muito e complicar tudo de novo?
Luiz Cuschnir: Claro que sim. A capacidade que temos É infinita. O que devemos É nos desenvolver para conseguirmos priorizar e ampliar nossas habilidades buscando uma qualidade de vida melhor.
Fabiano Ferreira: Como a desorganização, tanto na vida pessoal quanto profissional, podem afetar nossa interação com o mundo e com a gente mesmo?
Luiz Cuschnir: A vida É como um jogo de bolas que desenvolvemos como um malabarisa faz. Todas são importíssimas, tnto as relacionadas com os aspectos pessoais como os profissionais, econômicos e do desenvolvimento patrimonial. Avaliando o priorizando a cada fase de nosas vidas, nos darão a dimensão das atitudes que devemos seguir.
Fabiano Ferreira: Simplificar a vida faz parte do amadurecimento? Quem, com o passar do tempo, só complica mais as coisas pode estar demonstrando uma dificuldade de enxergar o mundo com clareza?
Luiz Cuschnir: Muitas vezes a ambição desmedida aparece tambÉm na fase adulto, não só durante a juventude. Amadurecer com sabedoria nos dá condições para um processo de aprendizado ue nos amplia a visão da vida – enxerga-se então melhor. Daí reflete-se melhor.