Beleza Masculina

Revista Opaque – outubro’09

Pauta para matéria da Revista Opaque – edição de outubro

Opaque: Por que os homens estão se cuidando mais?

Luiz Cuschnir: Porque perceberam que cuidar da estética faz parte do cuidar de si mesmo. E cuidar significa perceber suas próprias necessidades e conseguir suprí-las.

Pode também proporcionar o bem-estar físico e psicológico. Sentirem-se mais bonitos, mais atraentes, os estimula a serem mais sedutores. A imagem que se reflete no espelho é a imagem que será exposta para o mundo. Parte do espaço interno pessoal se refletirá num espaço social relacional. Virilidade, poder, segurança, auto-confiança podem aparecer como resultados positivos se forem equilibrados e adequados.

Opaque: Parte muito mais deles mesmos ou da exigência alheia (mídia, sociedade, esposas)?

Luiz Cuschnir: Cada homem pode perceber de onde é a demanda, interna ou externa, desde que tenha um autoconhecimento,que é o que ocorre em uma psicoterapia, onde isso é desenvolvido. Podem cuidar da sua estética com prazer, por gosto e para obter admiração. Ao verem ao seu redor, percebem que cuidar de si mesmos é possível, não é um bicho de sete cabeças, que podem se sentir mais atraentes perante as suas companheiras ou pretendentes. Assim podem ser aprovados por elas como parte de uma conquista, diária ou pontual, na relação a dois.

A influência da mídia os amparam e podem passar a cuidar de si como uma forma de imitação, como uma forma de se sentirem inseridos, pertencentes a um grupo de homens que também se cuidam.

Opaque: O preconceito com o fato de os homens que se cuidam está com os dias contados ou ainda há bastante?

Luiz Cuschnir: Existe o preconceito, através dos comentários, tanto de homens, como de mulheres. Freqüentar uma academia com compromisso e assiduidade, ou se depilar, ou qualquer outra intervenção que requeira um cuidado com a estética, logo gera uma idéia que tal pessoa está virando afeminado, “mocinha” ou maricas… O estereótipo de “homem das cavernas” está se transformando gradualmente, de acordo com a aceitação feminina e masculina para o que há do novo, do diferente, do que os deixa satisfeitos e de bem consigo mesmos, sem exageros. Muito do que é comentado não corresponde ao que ocorre na vida pessoal. Muitos se cuidam mas escondem para não serem catalogados negativamente.

Opaque: Quando/como se iniciou essa tendência?

Luiz Cuschnir: Quem é que não gosta de se olhar no espelho e se sentir bem consigo mesmo? Ou colocar uma roupa que o faça se sentir mais atraente, mais sexy, que realça partes do corpo mais privilegiadas ou para as quais se quer dar mais destaque? Ou ao contrário, quer esconder o que não está bem, o que tem vergonha, o que está o incomodando? Aspectos relacionados com a barba, cabelo, pele, têm sempre um lugar na intimidade do homem consigo mesmo. Na antiguidade, reis e rainhas apostavam em ervas, em banhos de sais ou de lama… O que acontece na atualidade é que as formas e ferramentas em busca da beleza mudaram: são cosméticos, cirurgias plásticas, ginástica, entre outras que estão em evidência. E o que assusta talvez seja o fato de serem inicialmente usados mais pelas mulheres e que, agora, os homens também estão se entregando a essas tendências. As suas necessidades de serem aceitos, incluindo sua aparência, abriu lugar para que pudessem se permitir cuidados pessoais mais explícitos.

Opaque: Quais as principais conseqüências disso?

Luiz Cuschnir: A economia como um todo amplia para um novo campo de pesquisas comportamentais, atividades sociais, desenvolvimento comercial e ampliação dos conceitos do que é masculino, como nos trabalhos de gênero, que desenvolvo com homens e mulheres com o intuito de atender aos novos paradigmas da sociedade atual. As relações homem/mulher, a relação familiar, a carreira profissionais, são algumas áreas que são obrigadas a absorver novos conceitos relacionados a cuidados pessoais e o homem atual.

Opaque: Há um limite para a vaidade masculina? Quando abusar de tratamentos começa a ser prejudicial?

Luiz Cuschnir: Sim, há um limite para qualquer forma de vaidade, seja masculina ou feminina. Há abusos quando se começa a ser escravo de tantos tratamentos, serviços e produtos de beleza, para os quais se gera uma sensação de frustração e fracasso, por não fazer o suficiente e o possível para se sentir belo, atraente ou algum outro padrão indicado. Além disso, pode haver uma idealização inalcançável, quando se pensa que os tratamentos ou produtos não estão atingindo o efeito esperado e a auto-estima fica abalada. E daí podemos questionar se a auto-estima já não estava abalada antes mesmo do início de tantos tratamentos estéticos e que vieram para as reais dificuldades e necessidades psicológicas. Comportamentos e atitudes relacionados a vaidade, no caso masculina, podem estar indicando quadros desequilíbrio emocional e psíquico que devem ser tratados para não acarretarem danos maiores, e as vezes irreversíveis.

Opaque: Quais os benefícios de cuidar da beleza?

Luiz Cuschnir: Tudo depende qual é o conceito individual do que é ser belo. Sentir-se em harmonia e agradável consigo mesmo pode ser considerado belo para alguns. Para outros, cuidar da beleza é cuidar da imagem, ou seja, cuidar do que vai ser visto e refletido. Há homens que não tem nenhum conhecimento sobre a boa ou má impressão que dão aos outros, em se falando de beleza física. Aliar uma imagem do próprio corpo como uma fonte de satisfação interior e emocional, trazendo com isto a auto-estima, são benefícios de cuidar da beleza que cada um atinge em um grau individual que completa a sua necessidade.

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