Thais Szegö – Revista Claudia – Abril / 2012
Faz compras pela internet e cultiva amigos nas redes sociais. Mas discutiria seus dilemas comum profissional do outro lado do computador? Conheça os pontos fortes e fracos de uma modalidade terapeutica que só faz crescer.
“Eu sabia que meu relacionamento não ia bem. Depois de uma crise, tentamos nos acertar durante quatro meses, porém a conexão já havia se rompido. Precisava conversar com alguém, mas não queria me expor para amigos e familiares nem me via sentada diante de um desconhecido falando sobre a minha intimidade. Em uma noite sem dormir, descobri na internet uma psicóloga que atendia online. Experimentei e me surpreendi ao perceber que, com a ajuda, comecei a organizar melhor meus pensamentos e encarei o medo de ficar sozinha. Pus um ponto final na relação e fiquei bem.”
Assim como a médica paulistana Janaína Braga, 32 anos, muitas pessoas estão recorrendo à terapia via computador. Prático, é: não tem trânsito para chegar ao consultório, os horários são flexíveis… Mas há muitas questões sobre a funcionalidade e a segurança do serviço. Uma simples busca retorna milhares de sites supostamente especializados – e ainda existem poucas leis que protegem os usuários. A economista mineira Juliana Ramos, 29 anos, recorreu a um deles depois de se sentir perseguida por uma chefe. Tinha medo de tomar alguma provid&6circ;ncia e ficar sem o emprego; então, a oportunidade de ser orientada sem sair de casa me pareceu uma boa,lembra.
“Mas ele só me dizia para pedir demissão ou denunciar minha superior. Não se importava com as conseqü&6circ;ncias e com os meus sentimentos.” Juliana recorreu ao Conselho Federal de Psicologia em busca de informações sobre o terapeuta e descobriu que era uma fraude. “Depois de confrontá-lo, veio aconfissão: era um administrador de empresa que sempre levou jeito para aconselhar as mulheres.”
“Qualquer possibilidade de chegara um indivíduo que está em sofrimento psicológico deve ser valorizada”, opina o psiquiatra Luiz Cuschnir, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
“Não é de hoje que os especialistas se comunicam com os pacientes fora do consultório. Existem livros que mostram a troca de cartas entre Freud e Jung e as pessoas que eles atendiam. Em 1994, quando ainda não existia internet, fiz um estágio nos Estados Unidos e vi que eram comuns as sessões de terapia realizadas por telefone quando o paciente estava impossibilitado de comparecerà consulta naquele determinado horário”, ressalta Luiz Cuschnir. “A idéia é que sejam tratados online apenas problemas menos complexos e pelo prazo máximo de dez consultas.”
Mas os especialistas são unânimes ao afirmar que tratamentos mais complexos, como os distúrbios relacionados ao uso de drogas, pensamentos suicidas ou descontrole emocional, devem ser abordados no consultório.