Simone Cunha, especial para o iG – 05/07/2011
A vontade de se vingar, como a que domina Norma, de “Insensato Coração”, pode desencadear problemas físicos e emocionais.
Há quem apóie a personagem por achar que ela busca a justiça. Outros, perdoam porque acreditam que o sofrimento a deixou amarga. Todos concordam que Leo merece uma lição. Mas até que ponto ‘dar o troco’ é válido?
“Na vingança está embutido o sentimento de fazer o outro sofrer. Em geral, contém elementos de raiva, ódio e vergonha”, analisa Luiz Cuschnir, psiquiatra do IPq – Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. E isso é bem diferente de justiça. “Ser justo é utilizar a sensatez como elemento de avaliação”, acrescenta Cuschnir.
Mas então, o que faz com que as duas coisas acabem se confundindo? E por que alguns são mais vingativos do que outros?
De acordo com Luiz Cuschnir, há vários combustíveis para a vingança. “A animosidade, a hostilidade, a indignação e o rancor, se constantemente ativados, podem gerar pensamentos que desviam o indivíduo de um projeto de vida mais saudável emocionalmente”, explica. No entanto, a vingança não é o melhor remédio. “Seria como curar uma doença com outra”.
“As pessoas mais tolerantes, maduras e espiritualizadas sempre conseguem afastar-se do desejo de se vingar”, finaliza Cuschnir.