Patricia Taufer – Jornal da Globo – 12/01/2013
Em cinco anos, consumo de cosméticos para homens cresceu 163%. Brasileiros já gastam, juntos, US$ 4 bilhões por ano.
De olho em um mercado que não para de crescer, a indústria dos cosméticos está lançando produtos só para homens.
Há dez anos, o consultor Alexandre Moura vende produtos de beleza. A clientela era só de mulheres. Hoje, 30% do faturamento vêm graças aos homens. Em cinco anos, o consumo de cosméticos para homens cresceu 163% no país. Os brasileiros já gastam, juntos, US$ 4 bilhões por ano. Perdemos só para os Estados Unidos.
Antigamente, produto de beleza pra homem se restringia a espuma de barbear, pós-barba e um shampoo anticaspa. Hoje, há perfumes, sabonetes e protetor solar só para homens, shampoo e condicionadores, e também há creme hidratante antissinais. Se um tempo atrás, os homens roubavam os produtos das mulheres, hoje o inverso poder estar acontecendo.
Para o psiquiatra Luiz Cuschnir, que estuda o comportamento masculino há mais de 20 anos, os homens sempre foram vaidosos. O que mudou foi a forma de demonstrar isso. “Usava o carro, usava o dinheiro, desfilava com a mulher, tanto faz como ele era. O importante é que ele tinha uma mulher superbonita do lado”, afirma.
O mundo mudou, e os homens agora também vão ao salão de beleza. Em um deles, elas não entram. Criado há dois anos, começou com 50 clientes. Hoje, tem 400. O empresário Jorge Brant não veio só cortar o cabelo, não. “Já fiz limpeza de pele, massagem”, diz.
O lugar é bem mais silencioso que os salões convencionais. O secador quase não é usado e as conversas seguem outro rumo. Perguntado se falam de fofoca, o cabeleireiro Renato Proença nega. “É raro. Fala mais de futebol, carro, dessas coisas, não da vida alheia”.