Humor

Entrevista concedida a Fabíola Zanetti Diário da Região São José do Rio Preto – janeiro/2007

Fabíola Zanetti: Um estudo diz que o bom humor faz bem à criatividade e mal à concentração. Gostaria de saber um pouco mais sobre esse assunto. Porque isso acontece? O que é melhor para a concentração?

Luiz Cuschnir: Sem dúvida nenhuma, o humor atinge diretamente a maioria das nossas atividades psíquicas.

Quando examinamos o aparelho psíquico atingimo-lo de diversas formas: através da atenção e concentração, estados de humor, localização têmporo-espacial(no tempo e no espaço), memória, inteligência etc.

A partir especificamente do humor, das flutuações maiores ou menores dele, nos deparamos com parâmetros para avaliar se a pessoa tem ou não uma estabilidade de humor, e se não tem, se varia e como é esta variação. Aí estamos dizendo se a pessoa tem ou não tendência a depressões ou estados de excitação chamados de mania.

Quando examinamos a parte sensorial motora e associamos aos movimentos, podemos avaliar através dos órgãos dos sentidos, o que o indivíduo capta do que se apresenta a ele. Os processos mentais são realizados imbricados uns aos outros, como um grande complexo neurológico onde variáveis vão interferindo nos processos de entendimento, memorização, comunicação e outras reações motoras relacionadas ao estímulo.

Se uma pessoa tem um estado de atenção concentrada rebaixado devido a estímulos afetivos, onde o humor provoca uma maior dificuldade de concentração, seja por um estado associado a tristeza ou a excitação, ela terá mais dificuldade em ater-se a detalhes. Mas se o humor estiver mais estável, dependendo do interesse, ou envolvimento afetivo que a pessoa tiver com o que está sendo proposto a ela, ela poderá ter uma resposta de uma maior concentração e captação.

Como há muitas variáveis que podem interferir no envolvimento para uma tarefa, podemos dizer mais genéricamente que o bom humor, ou o estado de um humor positivo tende a ser mais receptivo aos estímulos do que em estados de humor mais negativo.

Agora se estamos diante de vários estímulos, como estudar uma matéria chata e ouvir uma música da qual gostamos muito, seremos mais sujeitos a dispersão, ou a baixa qualidade de concentração.

E por sua vez, se estamos diante de um momento extremamente gratificante, ganhamos um campeonato ou temos uma festa para ir que nos entusiasma muito, é claro que a nossa concentração, até para uma matéria não tão chata para estudar, ficará prejudicado o estudo que precisa de nós mais estabilidade para nos concentrarmos.

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