Entrevista concedida para a Revista AnaMaria
O caso Edinho (filho de Pelé)
Ana Neiva: Em geral, é a mãe quem fica mais em casa, de olho no filho. Será que a ausência paterna tem alguma parcela de culpa quando o filho resolve apostar nas drogas? O pai deve mesmo se sentir culpado? Por que um homem aparentemente bem-sucedido como Edinho entrou nessas?
Luiz Cuschnir: A mãe em geral fica mais atenta, mas também é muito comum que o pai esteja mais alerta em função de ter mais experiências, contato ou informações a respeito de drogas e usuários. O Pai não deve sentir-se culpado pois faz parte de um sistema familiar, presente ou ausente, e coparticipante em todos os sentidos. A mãe, amigos, parentes, escola e colegas de trabalho, muitas vezes têm muito mais influência que os pais.
A ausência paterna, muitas vezes explícita, presença física, não corresponde ao modelo emocional. È possível encontrarmos figuras muito fortes, presentes emocionalmente em filhos, e mães presentes fisicamente, muito fracas, ou até com modelos muito pobres neste emocional e construindo o carater do indivíduo.
Por sua vez. o que pode ocorrer mais frequentemente, que imagens muito fortes, pais muito exitosos, podem ser difíceis para alcançar, para servirem como modelo de sucesso ou realização. Esta frustração de não conseguir alcançar o “inalcançável” pode dificultar o crescimento e às vezes provocar desvios de conduta do filho.