por Giuliana Reginatto
Pesquisa indica que apenas 1% das mulheres estão satisfeitas com o próprio corpo
Dê uma olhadinha a seu redor. Quantas mulheres loiríssimas – de verdade – e de olhos azuis você vê? À exceção de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o Brasil definitivamente não é um reduto germânico. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 7% da população tem descendência alemã. Negros e pardos, em contrapartida, somam 44,7% do País. Mesmo assim, a principal referência de beleza da brasileira é Vera Fisher, seguida por Xuxa e Ana Paula Arósio – donas, todas elas, de traços europeus e olhos muito claros.
Vem da própria Dove um outro dado alarmante sobre a pressão exercida pelo espelho. A empresa elaborou uma pesquisa de comportamento em dez países, da qual participaram mais de 3 mil mulheres entre 18 e 64 anos, e descobriu que apenas 2% delas estão satisfeitas com o próprio corpo. No Brasil, o índice cai para 1%. E mais: 15% das entrevistadas trocariam, se pudessem, 25% da inteligência que possuem por 25% a mais de beleza. Para o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, que preparou para o Dia das Mulheres o livro “A mulher e seus segredos – Desvendando o mapa da alma feminina” (Editora: Larousse do Brasil R$ 19,90), o dado reflete uma absoluta perda da essência feminina.
“Quando a mulher está segura de sua feminilidade, a chance de sentir-se bonita é bem maior”, diz ele.
Sob a ótica de Cuschnir, que atende no Instituto de Psiquiatria da USP, feminilidade é um conceito bastante amplo, que vai além de saias rodadas ou maquilagem poderosa.
“A mulher precisa se reconhecer nas coisas que é capaz de criar. A mulher que vive apenas para fazer coisas, para trabalhar, não está em contato com a essência dela. E, por outro lado, se ela está no papel de mãe 24 horas por dia também não consegue desenvolver todo o seu potencial mental. O mesmo se aplica à dondoca ou a essa mulher presa demais à própria imagem física: se apenas as aparências ocupam sua cabeça ela tampouco será capaz de desenvolver sua plenitude como mulher. é preciso saber integrar todas essas instâncias”, observa o psiquiatra.