Entrevista concedida ao Diário da Região
Diário da Região: Antigamente as mulheres queriam se casar para ter uma relação afetiva, filhos e sustento financeiro. Hoje elas têm independência financeira e podem ter filhos, daí toda exigência na relação de afeto. Você acredita que esse fator é o que faz mulheres bonitas e bem sucedidas continuarem solteiras depois dos 30?
Luiz Cuschnir: Sem dúvida, a maiorindependência finaceira as libera desta pressão. Já a questão de terem filhos de uma maneira independente de uma relação afetiva, não tem sido um fator de modificação de atitude pois ainda querem o relacionamento afetivo prioritariamente.
Diário da Região: Você diria que, nos relacionamentos amorosos e na constituição de novas famílias, estamos num período de transição? Ou seja, já não temos um padrão rígido a ser seguido (como no passado), mas ao mesmo tempo, o fato de ter muitas possibilidades de amor faz as pessoas ficarem perdidas, confundirem o que realmente querem e por isso mesmo ficarem sozinhas, muitas vezes?
Luiz Cuschnir: Não acredito que seja por confusão do que querem. Estamos sim em uma transição, mas muito amis em relação a casamento e separações e novas uniões. Isso provoca novas configurações familiares, novos pais, substitutos, meio-irmãos etc. As dificuldades de se levar uma vida familiar rotineira, de uma forma mais tradicional, afasta as pessoas e também propicia um redimencionamento novo perante a família.
Diário da Região: Você acredita que o fato da mulher procurar um homem sensível, capaz de se entregar, e que não se intimide com o amor, é motivo também para que eles se sintam ameaçados. Ou seja, eles sentem que a mulher quer tomar as rédeas da situação e por isso mesmo fogem de compromissos com as que agem dessa forma?
Luiz Cuschnir: A mulher procura sim, um homem mais sensível a entrega amorosa. Por outro lado, muitas vezes é ela que não tolera tanta entrega, ou sensibilidade pois associa isso a uma “fraqueza”. Ele também, se se percebe fraco, tende a se fechar e se afastar, na medida que se percebe mais vulnerável. Pode também ter parâmetros de escolha de uma mulher, que ele não explicita a ela, e ela por sua vez faz a leitura de que é fuga. Pode não ser fuga mas um rejeição a ela que ele não expoe tanto para não ferí-la.
Diário da Região: Por mais antenada que esteja (trabalho, estudos, amigos) a mulher ainda idealiza demais? No fundo elas querem encontrar o'”príncipe encantado” e se casar na igreja de véu e grinalda?
Luiz Cuschnir: Ela sim pode querer todo esse ritual como que para atender um sonho ou um rito de passagem importante, até para ambos. Esse rito marcam profundamente certas pessoas. Mas hoje elas não abdicam de uma segurança com ele e o que ele tem para oferecer a ela é da maior importância. Isso corresponde tanto ao material e profissional dele, quanto a sua integridade moral e afetiva.
Diário da Região: Na sua opinião, em que medida é importante que a mulher esteja de igual para igual com o homem, no que diz respeito às exigências para uma relação?
Luiz Cuschnir: A exigência do “igual para igual” muitas vezes beira o ridículo, não respeitando as características do gênero de cada um, além do próprio caracter pessoal. Homens podem oferecer com limites a fidelidade, por exemplo. A mulher hoje se sente compelida a se comparar e enfrentar as diferenças se igualando. Como relato no livro que acabei de terminar: “A relação Mulher & Homem – Uma história dos seus encontros e diferenças”(ed. Campus), ela acaba se atrapalhando mais nesse caminho, se envolvendo muito mais do que imaginava e criam-se muitos conflitos a partir daí. A mulher lida com o aspecto profissional e familiar com muito mais articulação que o homem mas se interfere muito na vida familiar pode também ocasionar grandes desastres para a família e o casamento.
Diário da Região: Mulheres bonitas, independentes e bem-sucedidas, muitas vezes são tão objetivas mas acabam atraindo o homem errado. Daí a coleção de relações frustrantes. Por que isso acontece?
Luiz Cuschnir: A dificuldade de conciliar a beleza e a eficiência no sentido profissional pode trazer conflitos onde ela acaba se dando excessivamente para o trabalho e não conseguindo tão boa performance no afetivo. Daí vem a possibilidade de escolher mal o parceiro, às vezes até porque foi escolhida pela sua beleza simplesmente com poucos recursos para prencher este parceiro.