Entrevista concedida à revista NOVA
NOVA: É tênue a relação entre amor e ódio?
Luiz Cuschnir: Não é tênue mas pode em alguns momentos se superporem ou se complementarem. é muito clara a noção do amor, mesmo que hajam situações que chamei em meu último livro de seqüestro emocional “Os Bastidores do Amor” – Ed. Alegro, onde se cria uma situação que torna o outro refém do relacionamento, não consegue sair dele, mesmo que esteja fazendo mal a ele. Pode ocorrer de gerar ódio em quem está na posição passiva, como se misturar com o vínculo amoroso de quem seqüestra o outro.
NOVA: é possivel a pessoa mudar da água p/ o vinho ou é a parceira que não deu atenção aos sinais?
Luiz Cuschnir: Situações inesperadas sempre podem ocorrer. Não se controla a vida de ninguém nem a própria. Terrenos expostos ou não de fragilidades, carências ou de conflitos não resolvidos, podem emergir de uma hora para outra e provocar drásticas mudanças. Na verdade, ninguém comsegue “comprar” totalmente o outro, possuí-lo. Mas é claro, também evidências podem estar demonstrando que há algo ou muita coisa errada, insatisfatória, equivocada etc. Pessoas podem negar, estar impedidas emocionalmente de avaliar corretamente a destrição que já está ocorrendo. São muitas vezes pegas de calça curta.
NOVA: Normalmente eles mostram a verdadeira face depois do casamento. é por que eles se sentem donos da situação?
Luiz Cuschnir: Não. Muitas vezes, estão decepcionados com o que confrontam e imaginavam. Homens também sonham, imaginam e até são fantasiosos. Eles podem se sentir presos, aprisionados, sem a liberdade que tinham e o comportamento só é decorrência desta mudança de espaço livre.
NOVA: Muitas acham que merecem a agressão ou se sentem culpadas pela situação. Por que isso acontece?
Luiz Cuschnir: As pessoas podem ter muita culpa, de pensamentos, idéias, ações, passadas ou até presentes no íntimo de cada uma. Isso pode provocar uma tendência a se oferecer para um castigo, um sofrimento. Descrevo neste livro a idéia de que há pessoas que desenvolvem o seu seq¨estrador.
NOVA: Quando a pessoa ameaça ou comete o suicídio, ela quer punir o outro?
Luiz Cuschnir: Pode ocorrer sim, mas muitas vezes é mais a sensação de impotência, de incapacidade de manter-se viva, de administrar os próprios conflitos, de um nível elevado de cobrança para ela conseguir responder. As pessoas que ficam vivas é que se sentem punidas, agredidas em geral.
NOVA: A pessoa deve se afastar do parceiro quando ele estiver demostrando um ciúme doentio?
Luiz Cuschnir: Se ela conseguir, e não estiver seqüestrada, sim. Mas se ela está lá, muitas vezes ela está ou eteve alimentando este comportamento. Para ela ter entrado, ou já estar permanecendo, ela também pode ser perversa nesta situação.