Concedida a Mônica Brandão – Revista Crescer
Mônica Brandão: Os homens estão tentando participar mais da gravidez de suas companheiras?
Luiz Cuschnir: Com certeza os homens tem demonstrado e vivenciado mais, o momento do conhecimento e o desenvolvimento ao longo dos meses, da gravidez das suas companheiras/mulheres. Faz parte do seu referencial masculino saber mais como está se desenvolvendo, o crescimento do feto, o acompanhamento dos exames clínicos e laboratoriais. Eles passaram a conhecer mais o que se passa com elas, cada vez mais as acompanham nas consultas pré-parto e sem dúvida estão participando mais dos cursos pré parto do que faziam antigamente.
Mônica Brandão: Segundo sua experiência, as preocupações masculinas durante os nove meses são diferentes mesmo das femininas?
Luiz Cuschnir: é claro que são diferentes, já que não envolvem os sintomas físicos, as questões mais intrínsecas do organismo feminino que detonam outros tipos de pensamentos e preocupações. As mulheres são pressionadas pelas fantasias que checam sua capacidade de gerar e depois de cuidar do bebê, que são muito diferentes deles.
Mônica Brandão: Quais são as principais preocupações masculinas durante os nove meses?
Luiz Cuschnir: Em geral rodeam as funções masculinas de suporte econômico e afetivo à mulher e depois ao futuro da família. Também se preocupam com as limitações de tem um bebê em casa, na vida do casal, nas rotinas que demandam, na falta de liberdade que terá e terão os dois. Alguns podem estar ligados às mudanças físicas da mulher, do descuido que ela poderá ter com ela mesma e aí acarretar na diminição da libido que ele vai ter em virtude dela não o excitar mais. Alguns podem ficar ligados no descaso possível dela em relação a ele e até chegar a rejeitá-los, preterindo-os ou até chantageando-os com o filho.
Mônica Brandão: Qual o momento em que “cai a ficha” de que eles serão pais?
Luiz Cuschnir: Alguns tem o contato esparso em momentos específicos como nascimento ou batizado (os judeus batizam uma semana depois, católicos bem mais adiante). Outros só após alguns meses, quando recebem respostas mais diretas do filho. Isso tudo falando de primeiro filho, onde acontece mais as mudanças de vida mais flagrante. Já quando já tem outro(s) filho(s), realizam mais rapidamente a paternidade.
Mônica Brandão: O que os homens costumam fazer para concretizar mais o bebê, já que não têm transformações físicas?
Luiz Cuschnir: Em geral é a mulher que estimula isso, chamando-o para o tema, falando nele, mostrando exames, conversando sobre o futuro, levando-o junto nas consultas etc. Em muitos casos o contato físico com a mãe, mexer na barriga, escutar as batidas do nenê são consequência de um interesse já despertado nele por elas.
Eu podia alertar também que homens podem guardar o recio da gravidez não evoluir por abortos/perdas anteriores. Isso atraza o desenvolvimento do interesse dele na evolução da gravidez.