Entrevista concedida a Renata Fernandes – Diário da Região – SJ do Rio Preto – novembro/2007
Renata Fernandes: A euforia em demasia pode ser considerada um ‘problema’ de comportamento? Em que situações ou circunstâncias?
Luiz Cuschnir: A euforia em demasia é chamada de hipomania, ou mania mesmo. Não tem nada a ver com “ter mania de fazer algo”. é um estado de exaltação do humor.
Renata Fernandes: O que faz com que algumas pessoas sejam eufóricas demais?
Luiz Cuschnir: Às vezes são pessoas que estão com mais facilidade em acessar conteúdos da vida de uma maneira melhor (os bem humorados) e que perto de outros que vivem mais de uma maneira pessimista sentem-na exageradamente alegre. Nem sempre é uma hipomania ou mania. Precisa ter uma boa avaliação psiquiátrica para se ter ma diagnóstico adequado.
Renata Fernandes: Qual a relação entre a euforia e a depressão?
Luiz Cuschnir: As duas, como diagnósticos psiquiátricos bem feitos, são reversos de ma mesma moeda: uma para cima e outra para baixo.
Renata Fernandes: Como lidar com a euforia, qdo ela passa a ser um problema?
Luiz Cuschnir: Psiquiatra, muito boa avaliação, acompanhamento médico e psicoterapia, diagnóstico, médicação e acompanhamento psicoterapêutico.
Renata Fernandes: Como diferenciar a euforia “normal” da exagerada?
Luiz Cuschnir: Quando passa a ter repercussões na vida pessoal, afetiva, profissional, social, econômica, intelectual etc.
Renata Fernandes: A euforia tbém é um sintoma do transtorno bipolar?
Luiz Cuschnir: Pode ser. Chamamos de um transtorno de humor.
Renata Fernandes: Pessoas com necessidade de aparecer, de se mostrar jovial demais e pródigo demais podem ser consideradas eufóricas?
Não necessariamente. Pode-se estar perante um desvio de personalidade ou de alguém que tem traços característicos mais fortes nessa área. Precisa ser feio m bom diagnóstico psiquiátrico, com ma observação mais demorada e especializada.
Renata Fernandes: O que caracteriza o euforismo?
Luiz Cuschnir: Não conheço esta palavra.
Renata Fernandes: A pessoa eufórica demais sofre com isso? Por quê?
Luiz Cuschnir: Depende do tipo de vida que leva.Se está em um ambiente onde esse comportamento não cabe, pode sentir-se tolhida e pouco a vontade para se expressar. Esse tipo de pessoa pode ter comportamentos concomitantes como irritação, falta de controle, insônia e até comunicar-se de uma maneira indevida ou exagerada, que não condiz com suas atividades ou relacionamentos. Vai sofrer as conseqüências disso.
Renata Fernandes: Pode dar algumas dicas sobre como identificar, lidar e/ou conviver com o euforismo?
Luiz Cuschnir: Não é esse termo que utilizo. Se for euforia, e é um diagnóstico psiquiátrico, deve-se ter cuidados como de não expor a pessoa a ambientes e relacionamentos que podem atrapalhar o seu desempenho social e afetivo em geral. Protegê-la dessa fase enquanto não tem o atendimento medico psicológico devido.