Conversando com Dr. Luiz Cuschnir – Glorinha Cohen
PERGUNTA Dr. Luiz, minha filha é casada e tem filhos. Tem todos os atributos para ser boa esposa e mãe, mas insiste em criar situações que a tornam uma pessoa de difícil convívio. Tudo é culpa dos outros. Quando está com uma turma de amigos, arruma confusão e se mantém como a problemática do grupo. Como ela poderia começar a sair dessas situações? Qual o primeiro passo? Ela me escuta muito. Na prática, o que ela pode fazer? Como reagir e começar a assumir as responsabilidades?
RESPOSTA A conscientização que ela faz pode vir de si própria e de fora (família, amigos ou relações afetivas). Como se trata de posturas que podem ser inconscientes e até estimuladas pelo meio que a rodeia, nem sempre são eficazes os aportes de pessoas com quem ela se relaciona. Podem até ter o maior interesse em que ela continue assim, seja por que estão acostumados com ela assim, seja por não quererem lidar com a possibilidade de essa pessoa crescer e se posicionar, que pode dar mais trabalho. A auto percepção demanda um exercício de se enxergar no espelho, que muitas vezes precisa de um trabalho psicoterapêutico que é com alguém de fora da sua vida e está “autorizado” a apontar suas falhas sem parecer seu inimigo. Precisa criar forças e coragem para deixar de dar desculpas, enfrentar e resolver. Essa resposta deve vir com dicas de atitudes (talvez seja bom separar por segmento da vida, pessoal, profissional e familiar) que ela pode adotar no dia a dia para sair dessa saia justa. Primeiro fazer um balanço de sua vida e verificar se ela acompanha o seu desejo de realização pessoal. Depois, separando cada contexto, fazer um trabalho terapêutico visando sair dos papéis estagnados e os que estão comprometidos com a evolução que deseja. Se posicionar com sinceridade para fugir dos estereótipos que usa para não enfrentá-los. Às vezes um papel ou uma área contamina a outra. Não consegue se realizar como profissional e passa a sentir-se inferior na maternidade influenciando como lida com seus filhos. Ou o oposto, como não está bem na maternidade, assume uma postura exigente em demasia no trabalho, que vai sofrer as conseqüências, deturpando a sua performance profissional. Ficam super responsáveis em uma e irresponsáveis em outra. De qualquer forma, é muito importante ter-se em conta que atitudes podem mudar com o decorrer da vida e as oportunidades e relações que estão ocorrendo na atualidade. Portanto não é aceitável que situações insolúveis paralisem totalmente a evolução de cada um em todos os seus papéis. Não é genético e também se deve levar em conta que quadros patológicos (depressão, ansiedade, dependências químicas) podem estar associados e precisam ser tratados adequadamente.