Paixão

Entrevista concedida a Guilherme Genestreti – Equilíbrio – Folha de S.Paulo – 06/2011

Guilherme Genestriti: Quando estávamos conversando sobre o prazo de validade do amor, o senhor falou que amor pode, sim, acabar, mas que o senhor não acredita em um prazo de validade, certo? Por que motivos pode o amor acabar? As relações hoje estão mais curtas?

Luiz Cuschnir: O amor por diversos motivos com a insatisfação de uma das partes ou das duas, por traição, por decepção, por falta de cumplicidade e cultivo do vínculo afetivo e até por dificuldades econômicas ou doenças. Sim pelo estímulo do consumo em geral, que inclusive inclui o consumo de relações afetivas. Antigamente as opções eram menores, a mulher não tinha condições de viver sozinha, haviam preconceitos que impediam as separações e a mulher tinha menos exposição pública, ficava mais no ambiente doméstico e familiar.A tolerância a frustração de enfrentar um relacionamento longo faz com que as pessoas procurem se satisfazer rapidamente ao invés de investir mais na relação atual.

Guilherme Genestriti: Por que aqueles psicólogos de linha evolucionista deduzem que são cerca de quatro anos o tempo que dura uma paixão. Sei que eles falam que é o tempo médio para que a criança cresça e desmame. Mas eles defendem que há algum substrato biológico por trás desse período, alguma diminuição de neurotransmissor, coisa do tipo?

Luiz Cuschnir: Não estou a par desta linha de pensamento. Associar neurotransmissor à paixão é como se pudéssemos quantificar um sentimento ou emoção, ou concretizá-la em uma matéria.

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