Entrevista concedida à Revista UMA
Considerações Históricas:
Desde o início do patriarcado, quando a Terra começou a ser governada quase que exclusivamente por homens, a força que regia as relações entre pessoas e entre culturas era de origem basicamente masculina. Isto significou uma era de desenvolvimento racional, segregações, domínio através da força, do poder e da ação. Uma era de desenvolvimento tecnológico e científico, onde a sensação real e concreta dominava sobre a intuição e onde a racionalidade tinha mais importância do que o mundo das emoções. Assim, as mulheres foram perdendo seu espaço e se submetendo cada vez mais as vontades dos homens.
Porém, no início da década de 20, as mulheres começaram a ganhar mais destaque, poder e independência, o que as incentivou pelo mundo inteiro a se unirem para reinvidicarem mais respeito e liberdade para a expressão feminina, movimento que tomou força na década de 60 e se denominou “feminista.”
Elas pregavam a igualdade de direitos entre homens e mulheres, inclusive o direito ao orgasmo. Queriam ter prazer na hora da relação sexual, poder escolher com quem e quando teriam essas relações.
Assim, durante anos de batalha (batalhas femininas é claro: com palavras, chantagens e seduções) elas foram conseguindo o espaço desejado, e hoje em dia conquistaram o direito ao orgasmo, chegando até a superarem os homens com seus múltiplos orgasmos.
As exigências mútuas: Do outro lado, estavam os homens surpresos e atônitos com a rapidez e os efeitos das mudanças ocorridas. Tinham que aprender a dar prazer a esta nova mulher, ou ela iria procurar alguém que desse. Porém esta tarefa não era muito fácil, estimulação clitoriana circular, preliminares, ritmo, força e carinho combinados… essas eram palavras novas no dicionário sexual masculino.
A mídia e o comércio, se aproveitando da situação de fragilidade e de excitação dos dois lados, começou a vender sexo, transformando-o no mercado do prazer. Vendia acessórios, dicas e modos estereotipados de se praticar o sexo infalível e prazeroso.
O homem que sofria do mal da impotência já tinha sua solução na farmácia. Os jovens hedonistas, com suas características impulsivas, misturam êxtase e viagra na mesma droga, tudo para se obter o maior desempenho, baseados no modelo dos filmes pornôs e nas declarações de seus ídolos. As mulheres conseguiram chegar ao seu tão perseguido e desejado orgasmo.
Mas parece que mesmo assim ainda falta alguma coisa. As casas de swing nunca estiveram tão lotadas, as danças eróticas tão em alta. Mulheres começaram a procurar prazer com outras mulheres (teve época que virou até moda) nem se denominavam homossexuais, pois era apenas diversão. É a quantidade ao invés da qualidade.
No entanto está claro uma insatisfação no ar, uma superficialidade nos relacionamentos que alimentam a solidão e o vazio da vida moderna.
A mulher queria igualdade com os homens e acabou se masculinizando, assumiu muitos papéis, até um pouco mais do que poderia dar conta. O homem por contrapartida ficou paralisado, sem ação, de certa forma feminino. As exigências ficaram muito altas, assim vende-se mais produtos para o super homem ou a super mulher.
O preço do orgasmo feminino foi a “morte” do masculino, não por raiva ou competição, mas porque era o único jeito que elas sabiam, aprenderam assim com os homens. Não deram ouvidos à essência feminina, que depois de tanta repressão ficou tão fundo que seu resgate ainda está sendo feito.
A solução para isso: A revolução feminista, a confusão de papéis, a busca da identidade masculina e feminina… Tudo isto está servindo para a evolução da espécie humana rumo a sua totalização. Porém para se alcançar esta plenitude, é necessário que tanto o masculino quando o feminino se desenvolvam de uma forma plena e saudável, para só então se complementarem harmonicamente. A mulher agindo conforme sua essência feminina, estimulará o homem a agir de acordo com sua essência masculina. Esse é o princípio da homeostase, do equilíbrio.
É necessário que sejam questionados os conceitos de beleza. feminilidade e masculinidade que são vendidos hoje em dia nos principais canais de comunicação. Velhos padrões de comportamentos doentes da sociedade, que nos fizeram aprender com não ser, devem ser deixados de lado, mas com muito respeito à sua história e propósito. No momento onde há uma insatisfação geral nos relacionamentos e onde a identidade de cada um se mistura com expectativas mesquinhas e superficiais, é o momento onde se está mais susceptível a pensar em soluções.
Chegou a hora da mudança, do respeito e admiração às diferenças. Ser homem é permitir que exista a mulher, e ser mulher é sustentar a maravilha de ser homem. Assim, seja de qual lado você estiver, estas duas forças estarão presentes e atuantes em sua vida, uma complementando a outra e não se anulando em uma competição que só levará à ruína e ao caos da indiferenciação.