Diário da Região SJ do Rio Preto por Fabiano Ferreira Angelo – março/2003 – Trecho da reportagem
Que o comportamento da mulher está mudando todo mundo já sabe. Hoje elas estudam, têm o próprio dinheiro, não dependem de um parceiro para ter vida social intensa e, quando querem, partem para a produção independente para ter um filho. O que muitos ainda não percebem é que, mais do que transformações isoladas, atitudes como estas exercem influência direta na formação de novas famílias, colocando em xeque padrões de relacionamento vividos até então. Se antes a mulher buscava um casamento para ter filhos, sustentação financeira e afeto, hoje a exigência recai praticamente só neste último item, o que restringe bastante as possibilidades de engatar um compromisso sério. Isso porque os homens, afirmam estudiosos do assunto, tendem a se sentir intimidados e ameaçados diante de mulheres independentes.
“Muitos se percebem fracos e tendem a se fechar e afastar, à medida que ficam mais vulneráveis“, afirma o psiquiatra Luiz Cuschnir, do Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher.
Talvez esteja aí uma das explicações para o fato de as mulheres reclamarem que falta homem. Não restam dúvidas de que esta postura feminina é que está ditando as novas configurações de relacionamentos. Um simples namoro ou casamento já não tem a função de cumprir uma regra social, e por isso mesmo requer uma reflexão mais profunda sobre os papéis a serem desempenhados pelos envolvidos. Para Cuschnir, estamos vivendo um período de transição no que diz respeito às uniões. Em busca da felicidade, as pessoas se separam mais facilmente, o que implica formação de novas famílias, com pais diferentes e meio-irmãos, ou também resistência em estabelecer novos contatos.
“A dificuldade para lidar com a rotina afasta homens e mulheres ao mesmo tempo em que propicia um redimensionamento pessoal“, explica o psiquiatra.