Entrevista concedida ao Jornal do Comércio – Recife
Cinthya Leite: Gostaria de saber como você analisa a situação, se realmente existe essa “nova mulher” e se, no futuro, a tendência é essa mesmo. Por que, agora, são elas quem fogem e não eles? Por que, agora, são eles que ficam aos nossos pés?
Luiz Cuschnir: Antes da revolução feminista que se concretizou aqui como um movimento na década de 80, as mulheres voltavam toda a sua vida para conseguirem se casar, ter filhos e serem uma boa dona de casa. A mulher que não conseguisse arranjar um marido era mal vista e mal falada na sociedade, então, muitas vezes casavam-se até mesmo contra a sua vontade para cumprirem este papel.
Ao longo de várias décadas, a mulher foi conseguindo obter um espaço social onde poderia expressar suas vontades, desejos e medos, não tendo que se submeter a pressões sociais para se casarem e serem “domesticáveis”. Porém, essa nova mulher está enfrentando muitas outras dificuldades, pois está tendo que lidar com novos tipos de desafios e pressões como por exemplo: estar sempre bonita, ser independente financeiramente, trabalhar fora, agradar o marido, cuidar dos filhos e etc…
Tudo isso com o complemento acoplado de “com sucesso”. Tudo isto gera na mulher uma cobrança muito grande e vemos várias delas com medo de assumirem mais compromissos, principalmente o do casamento. Já imaginaram o “ter que” ser bem sucedidas no amor.
Além disso, há uma maior liberdade, por vezes confundida com libertinagem, onde a mulher tem relações diversas, até concomitantemente, encontrar uma que seja mais estável. Veículos de comunicação expõem relacionamentos, homens que beiram a perfeição física e que reinam no imaginário feminino como ideal a ser alcançado. Porém elas não encontram correspondentes na realidade.
Tudo isto também transformou o papel do homem moderno, o qual está mais livre para expor suas carências e medos, o que não era bem visto há algumas décadas atrás e que hoje já pode ser expresso em atitudes e palavras.
Finalizando, homens tem também em seu imaginário uma relação com uma mulher companheira, afetiva e estimulante, tanto do ponto intelectual como físico.