Entrevista concedida ao Diário de São Paulo
Regiane Monteiro: Quais as dificuldades que as mulheres enfrentam hoje com a chegada da meia idade? A síndrome do ninho vazio ainda é o grande problema ou atualmente questões como mercado de trabalho e sexo são as que mais as incomodam?
Luiz Cuschnir: A meia idade hoje propicia diferentes caminhos e expectativas para as mulheres. Aliás, meia idade hoje, foge dos parâmetros mais antigos, até porque a expectativa de longevidade aumentou. O mercado de trabalho se extendeu, e muito para as mulheres e não são poucas que continuam ou exercem novas atividades, recriam, reinventam profissões anteriores etc. é claro, que iniciar uma vida profissional, nesta fase de vida depende de um empenho, e às vezes vencer a estagnação e a “tendência” ao desânimo, lamúria, acomodação, deverá indicar o sucesso ou não de uma deslanchada profissional. Quanto a vida sexual, o que acontece cada vez mais a mulher precisarem de relacionamentos estáveis para ter uma vida sexual. Às vezes há queixas de estarem mais preparadas para a vida sexual do que estiveram em fases anteriores de suas vidas, mas que não tem a possibilidade de realização com um parceiro. A auto-satisfação sexual muitas vezes as tranquiliza.
Regiane Monteiro: As mulheres estão mudando sua postura nessa faixa etária também em relação ao sexo e os relacionamentos afetivos? O que mudou?
Luiz Cuschnir: Como já escrevi, elas tem mudado. Algumas dispensam o homem e a relação afetiva mais satisfeitas como o que estão conquistando na vida pessoal e profissional. Como a crescente realização nessas áreas, muitas não estão vendo como primordial um homem para se sentirem seguras. Quando tem já uma ambiente familiar, principalmente se tem filhos, dispensam este homem como uma companhia constante. Muitas desejam te-lo como companhia, mas não tão constante ao ponto de querem que morem junto e dividam tudo. Quanto mais tem independência financeira, ou até um patrimônio maior que o dele, menos desejam que eles se vinculem a elas tão fortemente. Não querem um homem tão dependente.
Regiane Monteiro: Lidar com a estética e a busca pela beleza deixou de ser um problema para se tornar uma aliada nessa idade? O senhor diria que as mulheres estão encarando melhor o envelhecer porque têm, cada vez mais, formas de se manter bonitas nessa faixa etária?
Luiz Cuschnir: Tenho visto sim as mulheres encararem o envelhecer mais como uma forma de amadurecer, que as coloca em uma posição de aceitação maior do que é provocado pelo tempo em sua aparência física. Mas ao mesmo tempo, nunca as mulheres levam tão a sério o cuidado corporal, os treinamentos e exercícios físicos para as manterem mais em forma e adequadas para os padrões aceitáveis de beleza. Não se adaptam tanto com as roupas que escondem o corpo mas buscam conquistar a melhor forma dele, mesmo embaixo destas. O crescente cuidado com a pele, cabelos, apresentação geral, as coloca em uma consciência maior do que querem ser e representar perante a sociedade como um todo. Levam muito a sério essa qustão de apresentação e aceitam cada vez mais que se não se cuidarem muito, muitas oportunidades afetivas ou profissionais vão se perder. Até as facilidades da dermatologia e da cirurgia plástica estão a favor delas.
Regiane Monteiro: Como os homens encaram as mulheres nessa faixa etária? Alguma coisa mudou para eles no relacionamento com mulheres mais velhas?
Luiz Cuschnir: Não existem tantos preconceitos em relação a idade caindo por água abaixo. A famosa frase “troca uma de 40 por 2 de 20”. A atração pelas mais jovens se da´muito mais pelo desgaste de um relacionamento, facilidade no convívio, necessidade do estímulo sexual para suprir a falta de libido proveniente do aumento da idade do homem, do que uma troca pela troca. Sempre acoplado a isso vem o risco de homens que não desejam ter filhos terem que encarar uma nova fase de paternidade quando já tiveram essa experiência. Por isso muitos rejeitam as mais novas, que podem significar te-los, e escolhem as mais de meia-idade, que não optarão por ter filhos. Há homens que tem uma atração especial por mulheres mais velhas que eles, muitas vezes relacionado a inseguranças que elas vão suprir.