TPM, maio/2011
TPM: Desde que começamos a fazer esta reportagem, percebemos que essa situação – mulheres que namoram homens que já namoraram outros homens – é cada vez mais comum, pois parece que se relacionar com pessoas do mesmo sexo é mais frequente entre as pessoas mais jovens, de cerca de 18 anos. Do seu ponto de vista, isso procede?
Luiz Cuschnir: Há poucos anos fui procurado por um colégio muito conceituado que evidenciava isso entre os seus alunos. Eram comportamentos estranhos como namorarem na escola ou simplesmente ficarem abraçados. Mas de qualquer forma indicava o que você está me falando. O preconceito diminuiu e a liberdade aumentou. Os parâmetros são outros e com o início precoce e estímulo a sexualidade tem sido grande, essas experiências abrem caminho para outras na fase mais adulta.
TPM: Você já atendeu homens e/ou mulheres nessa situação?
Luiz Cuschnir: Sim.
TPM: Tem idéia de quantos casos?
Luiz Cuschnir: Não.
TPM: Quais as principais reações da mulher?
Luiz Cuschnir: O que tenho percebido é que são muitas vezes experiências passageiras e que só estão ocupando esse espaço por não haver uma relação estável com um homem. Por outro lado, as mulheres que tem a homossexualidade bem estabelecida até podem ter desejo de eventualmente se relacionar com homens, mas o foco é mais claro.
TPM: Qual é a maior diferença que ela enfrenta em comparação com uma relação heterossexual?
Luiz Cuschnir: A vivência de um outro claramente oposto mobiliza sensações que para algumas é interessante e muitas vezes é um desafio de limites que podem ter em relação aos homens.
TPM: Acontece de a mulher às vezes acabar considerando o namorado “menos homem” por isso?
Luiz Cuschnir: Se a pergunta é sobre ter um namorado que tem relações com outros homens, é isso que sentem.
TPM: Quais as maiores dificuldades que a mulher enfrenta nessa relação?
Luiz Cuschnir: Quaisquer relações que divergem da fidelidade, já implicam em sensações de rejeição. Nesse caso, ter um namorado pode provocar a sensação de insuficiência dela e afetar sua autoestima. Algumas até têm reações mais intensas e drásticas passando a ter nojo do homem.
TPM: E quais os pontos positivos?
Luiz Cuschnir: Não sei.
TPM: Na sua opinião, a tendência é que essa situação seja cada vez mais frequente (com base na mesma observação da primeira pergunta)?
Luiz Cuschnir: A liberação sempre provoca novos comportamentos e para pessoas que têm dúvidas e inseguranças quanto ao seu gênero, podem optar por esse caminho, se tiverem mais oportunidades.
TPM: Quando a situação é inversa: a mulher é que teve relação homossexual no passado, o que muda?
Luiz Cuschnir: Pode provocar também ciúmes mas alguns homens têm atração e fantasias por mulheres que têm relações entre elas.