O que eles querem?

Entrevista para o portal IG, canal Delas – Março de 2011

IG: Baseado em seu ponto de vista e experiência, é possível dizer que os homens separam as mulheres entre os tipos para casar ou não? Ou a mulher que seria “a mãe dos meus filhos”?

Luiz Cuschnir: Com certeza eles estão avaliando aspectos e se baseam pelo que vêem, intuem e conhecem. Investigam tendo como parâmetro os próprios conceitos, inclusive a formação familiar que tiveram. Os que já tiveram experiências anteriores de casamentos e também os que tiveram namoros mais longos, vão usando isso para pautar os prós e contras da escolha.

IG: E qual seria essa mulher? É possível traçar um perfil em comum?

Luiz Cuschnir: Como falei, recordando as experiências anteriores, escolhem se precisam de uma mulher mais liberal, independente ou o oposto. Homens que tiveram traumas emocionais como abusos, escândalos ou traições, tendem a não aceitar mulheres que sabem que tiveram experiências desse tipo. Checam, às vezes sem ela perceber, até com ela mesma, como foram os relacionamentos anteriores dela. Se ela expõe essas situações, terão dificuldade em confiar que tudo se passava por que era em outra época, com outros e que não irá ocorrer com eles. Um perfil mais comum é de homens que não aceitam mulheres que tem uma sexualidade livre, que tiveram muitos parceiros e que “ficam” ou “ficaram” sem muita discriminação. Alguns exigem mulheres que sejam independentes e com uma carreira profissional mais desenvolvida. Já outros se sentem mais tranqüilos se estão perante uma mulher que a ambição profissional não atrapalha a constituição de uma família e por conseguinte cuidados com futuros filhos e ambiente doméstico. Mulheres femininas, com um bom contato com sua essência como mulher, em geral agrada qualquer homem.

IG: O que os homens esperam atualmente de uma mulher “para casar”, ou seja, para ter uma relação estável com visão de futuro? (companheirismo, independência financeira, bom humor etc)

Luiz Cuschnir:Acompanho os homens em meu trabalho com psicoterapia e percebo que essencialmente não estão preterindo as mulheres carinhosas, atenciosas, educadas, voltadas para valores familiares, pouco beligerantes, interessadas em ter uma atividade profissional, bem cuidadas fisicamente tendo isso como valor que indica que se manterão assim depois. No convívio percebem se vão se pessoas que têm equilíbrio emocional para estarem disponíveis a eles e isso inclui sim, bom humor, adequação social, restrições à álcool e drogas mesmo que eles não sejam assim. Também verificam os cuidados íntimos como higiene pessoal, saúde e organização doméstica. Os atributos femininos estarão sendo avaliados diretamente através desses parâmetros.

IG: Os casamentos cada vez mais tardios mudam as expectativas masculinas em relação às parceiras ideais? Acabam recortando melhor, sabendo melhor qual tipo de personalidade e estilo de vida os agrada mais?

Luiz Cuschnir: Sim, eles poderão ver mais claramente quem eles esperam para compartilhar a vida. Terão relações anteriores que servem como checagem dos sonhos e a realidade. Estarão mais seguros do que uma simples projeção de si mesmos em outra pessoa ou se estão mais dedicados a alguém que os complementa, mas não é faz parte desse sonho. Mais maduros, sabem mais sobre como querem viver o dia-a-dia e escolhem alguém que tem a ver com isso mais amplamente e não só em um aspecto específico como através da relação sexual ou beleza física. Eles mais tranqüilos consigo mesmo, com sua masculinidade, entendem mais do feminino que os completam.

IG: Eles não gostam de ser cobrados, falam sobre liberdade, mas sabem ter a mesma postura com as suas mulheres?

Luiz Cuschnir: A liberdade que estão dispostos a oferecer nunca é na mesma dimensão da que querem ter. Digo nunca porque não percebo que os homens se equiparam as mulheres nesse sentido e ficam muito incomodados se as mulheres cobram o mesmo comportamento que eles tem. Homens se sentem com esse direito a despeito até dos que esbravejam socialmente que todos são iguais. Intimamente há a necessidade de terem companheiras mais aderentes a eles.

IG: Os homens ainda esperam de suas esposas uma figura mais maternal, presente e cuidadora? Ou já estão confortáveis com uma figura mais emancipada?

Luiz Cuschnir: Querem mulheres maternais para os seus filhos. Examinam isso e checam se poderão confiar que os criem dentro de preceitos da dedicação a eles. Ao mesmo tempo não agüentam que elas fiquem no pé deles como uma mãe superprotetora. Não as querem maternais com eles, mas com os filhos sim. Para eles querem mantê-las no papel feminino o máximo possível, por isso olham se essa mulher se cuida e vai continuar se cuidando mesmo depois de ser mãe. Um dos indícios pode ser verificando a emancipação dela onde indica que ela tem seus interesses e pode continuar mantendo um foco pessoal, individual. Assim ela pode não mergulhar totalmente no papel de mãe e perder os outros referenciais do mundo. Em geral têm medo de mulher que “vai se encostar” e vai deixar toda a responsabilidade da manutenção para ele. Muitas vezes são contraditórios e os desejos deles de uma mulher dependente emocionalmente se conflita com essa mulher que tem uma vida própria.

IG: E estão confusos em relação a mulher ideal? Por exemplo, querem que ela tenha autonomia, mas não gostam quando ela sai sozinha; querem que seja boa de cama, mas não gostam que ela tenha tido muitos parceiros?

Luiz Cuschnir: Não sei se estão confusos ou nunca deixarão de reivindicar uma mulher pluri-pontecial. Não acredito que um homem vai ser como uma mulher que tem claramente que quer um homem de sucesso profissional e com uma certa dedicação ao lar. Os parâmetros femininos de ter um homem que saia para o mundo para conquistá-lo, mesmo que se afaste um pouco dela, não corresponde a um ideário dele. Ele não se satisfaz totalmente em uma mulher que só cuida da casa, ou seja, boa de cama ou esteja voltada para ele com outras experiências com outro. Ele quer uma mistura de vários aspectos e esse é o “pulo do gato” da mulher. É como se ela precisasse ter um pouco de cada coisa sem ser muito de alguma.

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